Sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de novembro de 2025
A audiência do processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli, que estava marcada para quinta-feira (27), foi adiada devido a uma greve nacional de advogados na Itália. A parlamentar compareceu ao tribunal em Roma, mas a sessão não pôde ser realizada porque seus próprios defensores aderiram à paralisação da categoria, que afetou diversas cortes do país europeu ao longo do dia.
A Corte de Roma agendou uma nova audiência para 4 de dezembro, dando continuidade ao processo que irá decidir se Zambelli será enviada de volta ao Brasil. A deputada está presa na Itália desde que a polícia italiana cumpriu a ordem de detenção internacional expedida após a condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O STF sentenciou a parlamentar a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Após a decisão, ela deixou o Brasil e viajou para os Estados Unidos antes de se estabelecer em território italiano, onde foi localizada e detida. Desde então, é considerada foragida pela Justiça brasileira.
A sessão desta quinta-feira seria a primeira audiência especificamente ligada ao processo de extradição. Antes disso, Zambelli havia comparecido a outras sessões no tribunal de Roma, mas elas estavam relacionadas ao pedido de sua defesa para que ela pudesse aguardar em liberdade a decisão sobre a eventual extradição. A Justiça italiana, no entanto, negou o pleito e decidiu mantê-la presa, entendendo que existe risco concreto de nova fuga, especialmente porque a deputada possui dupla cidadania – brasileira e italiana –, o que facilitaria deslocamentos pelo território europeu.
Zambelli tem insistido que deseja ser julgada pela Justiça italiana e que pretende demonstrar que não teve participação direta na invasão do sistema do CNJ. Seus advogados sustentam que o processo no Brasil teria sido conduzido com motivações políticas e que ela seria alvo de perseguição. Já o governo brasileiro e o Ministério da Justiça defendem que o pedido de extradição está amparado em tratados internacionais e no cumprimento de pena determinada pela mais alta corte do país.
Com a nova data marcada, a expectativa é de que o tribunal italiano analise os argumentos apresentados tanto pela defesa quanto pelas autoridades brasileiras. A decisão será tomada por um colegiado e, caso a extradição seja aprovada, caberá ao governo italiano definir os trâmites finais para o retorno de Carla Zambelli ao Brasil. Até lá, a deputada seguirá detida em Roma, aguardando o próximo capítulo do processo que tem repercussão política e jurídica nos dois países.