Quinta-feira, 10 de julho de 2025

Aumento de gastos do governo está acima da média do mundo emergente, diz o presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o crescimento de gastos no Brasil está “bastante acima da média do mundo emergente e desenvolvido”.

Durante evento promovido pela Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), Campos Neto afirmou que o orçamento público do País está comprometido, com um alto nível de despesas obrigatórias, como o custeio da máquina pública.

Ele também disse que o Brasil precisa enfrentar o problema das contas públicas, e defendeu a aprovação de projetos enviados pela equipe econômica ao Congresso, para que governo consiga aumentar a arrecadação.

“A gente sempre reconhece que é difícil cortar gastos de forma estrutural. Observei por 15 e 20 anos, é difícil cortar gastos estruturais [de forma permanente]. Têm alguns gastos conjunturais, como salários de funcionalismo. Talvez reformas adicionais possam fazer esse papel, mas é uma equação que a gente precisa endereçar de forma mais estrutural e de longo prazo”, declarou o presidente do BC.

Campos Neto também disse que o crescimento acima da média de gastos no Brasil tem reflexo no chamado “prêmio de risco” – ou seja, nos valores cobrados pelos investidores na compra de títulos públicos brasileiros, o que é necessário para o Brasil honrar sua dívida.

Em abril, durante audiência no Senado, Campos Neto já havia alertado para o aumento do endividamento do País salientando que isso influencia na alta taxa de juros cobrada no Brasil.

No evento da Abracam, o presidente do BC também citou pesquisa da Genial Investimentos que diz que, para os entrevistados, o principal problema da economia brasileira é a “falta de uma política fiscal que funcione”.

“A gente precisa ter esse endereçamento estrutural da parte fiscal [melhora permanente das contas públicas]. As pessoas entendem que, uma vez que enderece o fiscal, os juros têm uma convergência natural [queda mais consistente]”, declarou.

Na avaliação de Campos Neto, isso não é uma crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas, sim, ao sistema fiscal do País.

Na semana passada, em uma tentativa de aproximação, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, receberam Campos Neto para uma reunião. Segundo Haddad, o encontro, que ocorreu após uma série de ataques de Lula ao presidente do BC, serviu para “construir uma relação” entre os dois.

Campos Neto repetiu que a equipe econômica deve persistir em tentar atingir as metas fiscal, que preveem, por exemplo, a obtenção de um déficit zero nas contas do governo em 2024, mas também observou que o mercado financeiro, até o momento, ainda não acredita que isso acontecerá.

“O governo anuncia um plano fiscal, mas o mercado acha que os números vão ser piores. Por que tem essa diferença? Basicamente por quanto o governo teria de ter em arrecadação extra para atingir a meta. A gente precisa observar esses projetos que estão no Congresso, eles precisam passar pois traz uma arrecadação adicional e estabilizada”, explicou o presidente do BC.

Equilíbrio

Pelas contas da área econômica, seriam necessários R$ 168 bilhões em aumento de arrecadação para zerar o rombo das contas públicas em 2024.

Economistas avaliam que a equipe econômica do governo tem falhado ao não dar ao corte de gastos o mesmo peso que tem dado à elaboração de medidas de aumento de arrecadação. E indicaram possíveis medidas.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também afirmou, porém, que no “médio e longo prazos, estamos observando estabilidade na [expectativa do mercado para] trajetória de dívida”.

De acordo com as previsões do mercado financeiro, por conta da aprovação do “arcabouço fiscal”, a nova regra para as contas públicas, a dívida brasileira poderá se estabilizar após 2030 – em um patamar próximo de 90% do PIB. Em agosto, a dívida estava em 74,4% do PIB.

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