Quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Ausência de Lula em cerimônia de 80 anos da Polícia Federal “azeda” relação entre o petista e a corporação: “Desrespeito” e “desprestígio”

O “bolo” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu na Polícia Federal (PF), azedou o clima entre o petista e a corporação. A decisão de Lula de não comparecer à comemoração dos 80 anos da PF, realizada em Brasília (DF), foi vista como um sinal de “desrespeito e desprestígio” por integrantes da cúpula do órgão.

O evento atrasou duas horas à espera do presidente, até que assessores do Palácio do Planalto avisaram ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que ele não iria comparecer por conta de um problema na agenda. A desculpa não convenceu.

Agentes da PF envolvidos na organização da solenidade afirmaram que, inicialmente, a comemoração dos 80 anos aconteceria na quinta-feira (4), mas foi antecipada justamente para que Lula pudesse participar. Havia até a previsão de que o presidente discursasse na cerimônia.

A ausência do petista também virou assunto nos grupos de WhatsApp da corporação, especialmente por parte dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com comparações em relação ao tratamento dado pelo atual e pelo ex-chefe do Executivo.

Na terça-feira (2), o Palácio do Planalto chegou a divulgar “aviso de pauta” informando que o chefe do executivo compareceria ao evento.

Na quarta (3), antes da cerimônia começar, integrantes da equipe de segurança e da comunicação da presidência estiveram no auditório da sede da PF para fazer os preparativos de praxe para participação do presidente.

Auxiliares de Lula chegaram a confirmar que ele iria à solenidade. Entretanto, o evento não constou na agenda presidencial divulgada ao longo do dia.

Com a ausência de Lula, o governo foi representado no evento pelos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Anielle Franco (Igualdade Racial) e pelo advogado-geral da União, Jorge Messias.

Em seu discurso, Lewandowski afirmou que como há “setores que ainda flertam com o autoritarismo”, a PF é um dos “esteios” na proteção do Estado Democrático Direito. Lewandowski lembrou do papel da instituição durante os ataques de oito de janeiro às sedes dos Três Poderes.

“Em um país em que determinados setores ainda flertam com o autoritarismo, a exemplo dos altamente reprováveis eventos que culminaram no oito de janeiro, a Polícia Federal com técnicas apuradas e estrito respeito à Constituição tem sido um dos grandes esteios na proteção do estado democrático de direito”, discursou o ministro.

Além do 8 de Janeiro, o ministro lembrou o relatório final que aponta os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, irmã de Anielle. O crime aconteceu em 2018, mas os supostos responsáveis (dentre eles o deputado-federal Chiquinho Brazão) só foram identificados no último dia 24 de abril.

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