Terça-feira, 01 de julho de 2025

Autoestima: saiba como o esporte pode ajudar os adolescentes a se tornarem mais confiantes

Há quem diga que a adolescência é uma fase estranha. Os jovens ficam mais críticos, introspectivos, costumam se abrir apenas com os amigos, a ouvir menos os pais, acreditam que já podem lidar com seus problemas sozinhos. Uma parte disso se deve aos processos biológicos ocorridos na puberdade, período da vida em que mudanças físicas e hormonais transformam crianças em jovens adultos, inaugurando sua fase reprodutiva.

Nessa transição, há o crescimento de estatura, a mudança de voz, o aparecimento de pelos pubianos e axilares, o desenvolvimento das mamas nas meninas e o ganho de volume dos testículos e pênis nos meninos. Grande parte dessa cascata de transformações se deve ao aumento na produção de hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona.

É nessa hora que muitos jovens sentem que estão diferentes, se acham estranhos. Mas existe uma ferramenta que pode auxiliar a manter o equilíbrio nessa fase, com a autoestima em dia: o esporte.

“O esporte ajuda o jovem a entender melhor seu corpo. Eles conseguem ter uma ideia do que conseguem aguentar, de quanto o corpo é capaz. A atividade, quando feita de forma responsável e saudável, instiga a formação de uma equipe, suscita liderança, pertencimento, isso tudo ajuda a melhorar a autoestima de um jovem que está passando por mudanças corporais”, afirma a psicóloga Renata Bento, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro.

A autoestima é reflexo de como o sujeito se percebe. Mas ela também surge a partir do olhar do outro. O professor de Educação Física Evandro Vallim, do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, diz que esse fenômeno tem relação com o neurônio-espelho, que permite copiar comportamentos que observamos. Ou, ao contrário, nos fazer repelir algo que não julgamos adequado.

“Quando um jovem encontra outro amigo que está fazendo um esporte e percebe que a autoestima dele aumentou, que ele se sente mais confiante, ou que o corpo dele melhorou e ele está se sentindo mais forte, automaticamente vai querer aquilo também. Então começa a condicionar o corpo para que os outros o enxerguem daquela mesma forma”, explica o professor.

Isso ocorre também na alimentação. Nessa idade, com a prática de esporte e exercícios físicos, os adolescentes começam a se alimentar melhor. Preferem tomar um suco de fruta natural em vez de beber refrigerante. Consomem mais comida de verdade, como arroz, feijão, saladas e legumes, no lugar da fast food.

Vallim explica que o contrário, ou seja, a autoestima baixa, também pode surgir nessa fase da vida, mesmo que os adolescentes estejam com uma rotina de atividade física.

“Os adolescentes, hoje, querem o bem para o corpo deles. É uma forma de se sentirem mais amados, pertencentes, atraídos. Eles gostam de se sentir vistos, em destaque. Mas sempre vai haver alguém melhor. Com um corpo melhor, que joga melhor. Isso é normal. Porém, para o jovem, quando ele não consegue lidar com isso pode afetar negativamente a autoestima”, diz Vallim.

Além da baixa autoestima, existe a possibilidade de um tipo de adoecimento psíquico. O adolescente começa a se cobrar para ser parecido com outro, e aquilo vira uma performance calcada na competição. Ele começa a buscar uma validação externa em vez de manter o foco no crescimento ou desenvolvimento individual. Para especialistas, é preciso preservar o espaço para o erro, a tentativa e o crescimento.

“O esporte precisa ter um contexto leve, em que os professores considerem o desenvolvimento físico de emocional do atleta. Precisa haver um olhar humano. Ele precisa comparar o que ele consegue fazer hoje com o que não conseguia antes. Isso o ajuda a ter mais resiliência para encarar problemas. E quando ele ultrapassa os medos e desafios, ele se sente melhor, mais forte e mais poderoso”, afirma Henrique Angelo, professor de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

O psicólogo explica que o professor não pode só apontar o erro, mas precisa corrigir, ensinar o aluno e o motivar a continuar persistindo e lutando para melhorar.

“O esporte é uma estratégia que a gente usa para o jovem fazer atividade física. Ele cria um contexto poderoso que traz motivação e concorre com as tecnologias atuais que os fazem ficar sem se exercitar ou socializar. É uma ótima alternativa, desde que respeite o ritmo de desenvolvimento de cada adolescente”, diz Angelo.

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