Sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Bactérias intestinais modificadas estimulam o corpo a combater o câncer colorretal

Cientistas descobriram que bactérias da espécie Salmonella typhimurium geneticamente modificadas conseguem estimular potentes respostas imunológicas antitumorais contra o câncer colorretal. A pesquisa, publicada na revista científica Science Translational Medicine, contou com a participação de pesquisadores da Escola de Medicina Yong Loo Lin, da Universidade Nacional de Cingapura (NUS Medicine), e da Universidade Centro-Sul da China.

O sistema imunológico é responsável por identificar e eliminar ameaças ao organismo, como vírus, bactérias e células tumorais. No entanto, muitos tipos de câncer conseguem desenvolver mecanismos que os tornam invisíveis ou resistentes à ação do sistema imune. Isso ocorre porque o tumor cria um microambiente hostil, suprimindo as defesas naturais do corpo e impedindo que as células de defesa reconheçam e destruam as células cancerígenas.

Buscando contornar essa barreira, os pesquisadores modificaram geneticamente cepas da Salmonella typhimurium para que produzissem uma proteína chamada LIGHT. Essa proteína tem a capacidade de atrair células imunológicas para o interior do tumor e estimular a formação de estruturas conhecidas como “niches imunológicos”, que favorecem a ativação de linfócitos T — as principais células envolvidas no combate ao câncer.

De acordo com os cientistas, a presença das bactérias modificadas provocou um aumento significativo nas respostas imunológicas, o que levou à redução do tamanho dos tumores e à melhora da sobrevida em modelos experimentais de laboratório. Além disso, a terapia bacteriana foi capaz de restaurar a microbiota intestinal saudável, frequentemente comprometida em pacientes com câncer colorretal e durante tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia.

“Essa abordagem pode abrir caminho para o desenvolvimento de ‘medicamentos vivos’ programáveis que remodelam o ambiente tumoral de dentro para fora”, destacou o professor Pengfei Rong, coautor principal do estudo e integrante do Departamento de Radiologia do Terceiro Hospital Xiangya, da Universidade Centro-Sul da China.

Os resultados animadores indicam que essa estratégia pode representar uma alternativa promissora para o tratamento de tumores resistentes às terapias tradicionais. A próxima etapa da pesquisa envolve a realização de testes adicionais em modelos animais e a preparação para ensaios clínicos em humanos, que deverão avaliar a segurança e a eficácia da técnica em pacientes com câncer colorretal avançado.

Se os estudos clínicos confirmarem os resultados observados em laboratório, a terapia baseada em bactérias modificadas poderá se tornar uma nova fronteira na imunoterapia contra o câncer, oferecendo uma forma inovadora e menos invasiva de estimular o próprio corpo a combater a doença.

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