Terça-feira, 02 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de dezembro de 2025
Entre os dias 4 e 6 de dezembro, Bagé (RS) se transforma na capital nacional da olivicultura ao sediar três grandes encontros: o 1º Seminário Binacional de Olivicultura do Bioma Pampa, o 6º Encontro Estadual de Olivicultura e o 1º Simpósio Nacional de Olivoturismo. A programação técnica, cultural e comercial reunirá especialistas do Brasil, Uruguai, Argentina, Itália e Espanha, além de autoridades governamentais e representantes de organismos internacionais.
Estão confirmadas as presenças do ministro da Ganadería do Uruguai, do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, de secretários estaduais da Agricultura e do Turismo, além de representantes do Conselho Oleícola Internacional e do Banco Interamericano de Fomento (CAF).
Integração internacional e protagonismo gaúcho
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Flávio Obino Filho, o evento consolida o Rio Grande do Sul como espaço estratégico para o setor. “Bagé se transforma na capital nacional da olivicultura. A integração entre países vizinhos é fundamental para fortalecer a produção de azeite na América do Sul”, afirmou.
A realização simultânea dos três encontros reforça a vocação da região para o cultivo de oliveiras, especialmente no Bioma Pampa, que reúne condições climáticas favoráveis e já concentra boa parte da produção nacional.
Olivoturismo como diferencial competitivo
Um dos destaques será o 1º Simpósio Nacional de Olivoturismo, que discutirá o turismo rural e ecológico como alternativa de desenvolvimento regional. A programação inclui mesas-redondas com produtores brasileiros e experiências de agroturismo da Intendência de Maldonado, referência no Uruguai. A proposta é transformar o olivoturismo em produto turístico estruturado, capaz de atrair visitantes e gerar renda, além de estimular jovens a permanecerem no campo.
Mudanças climáticas e desafios técnicos
A programação técnica abordará temas urgentes para o setor. O espanhol Juan Antonio Polo Palomino, do Conselho Oleícola Internacional, abrirá o seminário com palestra sobre os impactos das mudanças climáticas nos olivais e certificações de créditos de carbono. Já Javier Hidalgo, também da Espanha, apresentará cenários de rentabilidade e sustentabilidade da produção.
Outros debates incluirão manejo nutricional das oliveiras, controle fitossanitário e os riscos do herbicida 2,4-D, que tem causado perdas significativas em diversas culturas no Rio Grande do Sul.
Mercado de azeite e oliveiras
O setor vive um momento de expansão, mas também de desafios. Após dois anos de alta nos preços provocada por escassez global, especialistas projetam uma queda de até 20% em 2025, reflexo da recuperação da produção europeia, que deve crescer cerca de 29% na safra 2024/25.
Apesar da dependência das importações, o Brasil já começa a se destacar internacionalmente. No Rio Grande do Sul, marcas como a Estância das Oliveiras, de Viamão, figuram entre as mais premiadas do mundo, segundo o EVOO World Ranking 2025. Isso demonstra que, embora pequeno, o setor brasileiro tem potencial competitivo e pode conquistar espaço no mercado global.
Com debates que vão da produção ao turismo, passando por clima e mercado, Bagé se posiciona como hub da olivicultura sul-americana. A integração Brasil–Uruguai e a presença de especialistas internacionais reforçam o papel estratégico do RS na cadeia global do azeite. Ao mesmo tempo, o olivoturismo surge como oportunidade de diversificação econômica e fortalecimento da cultura local, projetando o futuro da olivicultura como atividade sustentável e inovadora. (por Gisele Flores)