Segunda-feira, 07 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 6 de julho de 2025
Enquanto o prefeito do Recife e presidente do PSB, João Campos, defende a manutenção do correligionário Geraldo Alckmin como vice-presidente na chapa para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026, movimentos recentes do partido indicam distanciamento entre a sigla e o governo, em sinal de que a crise na relação entre o Planalto e Legislativo vai além da tensão com partidos de centro.
A insatisfação da legenda ficou evidente na votação para a derrubada do decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na Câmara, quando o partido deu nove votos favoráveis e apenas três contra a revogação.
Na bancada do PSB, que conta com 15 deputados, apenas o líder, Pedro Campos (PE), Lídice da Mata (BA) e Bandeira de Mello (RJ) votaram contra a derrubada do veto.
O posicionamento levou a ministra da Secretaria de Relações Institucionais a convocar reunião com a bancada do PSB da Câmara na terça-feira (1).
No Senado, a votação foi simbólica e a bancada do PSB não manifestou voto contrário.
‘Casamento com Lula está acabando’
Na sessão de terça, o vice-líder do governo no Senado, Jorge Kajuru (PSB-GO), afirmou que “o casamento com o governo Lula está acabando” e se queixou por não ter sido citado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, em cerimônia de de anúncio de um trem entre Goiás e o Distrito Federal.
Segundo o parlamentar, oposicionistas, por sua vez, haviam gravado vídeos para as redes sociais afirmando serem os apoiadores do empreendimento. O senador também se queixou por não ter suas ligações atendidas por Costa. Procurado, o ministro não se manifestou.
Os ataques do governo ao Congresso também pesam no desgaste da relação. Um senador do PSB chegou a afirmar ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que o governo deveria ser grato ao chefe do Legislativo pela articulação para aprovar a medida provisória (MP) do Fundo Social, que pode render até R$ 20 bilhões para o governo federal, em vez das postagens de teor negativo.
Na conversa, presenciada pelo Valor na terça-feira, Kajuru afirmou ser pessoalmente contra a derrubada do decreto do IOF, mas reconheceu que Alcolumbre estava fazendo um gesto ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pelos acenos feito ao Senado, como a retomada do rito das medidas provisórias.
O parlamentar do PSB se disse ainda decepcionado com Lula, afirmou que negaria um convite do presidente para uma conversa e completou dizendo que só votará no atual chefe do Executivo se não houver uma alternativa.
“Eu voto no Lula se não tiver uma alternativa. Se tiver uma alternativa, eu voto na outra”, disse. “Eu não quero mais papo. Se mandar me ligarem amanhã dizendo que ele quer me receber, eu vou responder: me desculpe, eu não tenho mais assunto com o presidente Lula.”
A postura da bancada do PSB no Congresso contrasta com a de João Campos desde que assumiu a presidência do partido. Em junho, o prefeito do Recife tomou posse à frente do diretório nacional em um evento que contou com a participação de Lula e Alckmin e deixou claro que quer caminhar ao lado do petista em 2026. As informações são do portal Valor Econômico.