Quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Banqueiros ficaram perplexos com possível interesse do ministro Alexandre de Moraes nos rumos do Banco Master

Executivos do mercado financeiro e representantes do setor empresarial – frequentemente agrupados sob a denominação “Faria Lima”, em referência à concentração de escritórios na tradicional avenida paulistana – passaram a receber, meses atrás, relatos oriundos de autoridades e agentes políticos de Brasília envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o Banco Central. Segundo essas informações, Moraes teria exercido influência junto ao presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, para que adotasse medidas favoráveis ao Banco Master.

Tanto o ministro quanto o Banco Central divulgaram, na terça-feira (23), notas oficiais rechaçando qualquer tipo de pressão ou interferência nesse sentido.

À época em que os rumores começaram a circular, o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, já enfrentava forte resistência em segmentos do empresariado, o que contribuiu para que as suspeitas se espalhassem com rapidez. A mera possibilidade de envolvimento de um ministro do STF em temas relacionados à instituição financeira causou surpresa e desconforto entre agentes do mercado.

O que inicialmente teria ficado restrito a um grupo reduzido de interlocutores logo ultrapassou esse círculo. As versões passaram a circular por diferentes escritórios financeiros, alcançaram bancas de advocacia, assessorias especializadas e, posteriormente, chegaram à imprensa por meio de múltiplas fontes independentes.

Em Brasília, as especulações também ganharam tração. Relatos indicavam, inclusive, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria conhecimento das supostas movimentações. Embora os detalhes variassem conforme a fonte, um ponto era recorrente: a ideia de que Alexandre de Moraes demonstrava interesse direto em assuntos relacionados ao Banco Master.

Naquele momento, Gabriel Galípolo jamais corroborou publicamente tais versões. Ao contrário, negou de forma enfática, em conversas reservadas, ter sofrido qualquer tipo de pressão. Segundo ele, os contatos mantidos com o ministro do STF trataram exclusivamente da Lei Magnitsky, após Moraes ter sido alvo de sanções por parte dos Estados Unidos. O magistrado, de acordo com esses relatos, buscava esclarecimentos sobre os eventuais impactos da medida em sua situação financeira.

As informações sobre uma suposta atuação de Moraes junto ao Banco Central foram divulgadas nesta semana pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. Segundo a jornalista, seis fontes distintas relataram conversas entre o ministro e o presidente do BC que teriam alimentado as suspeitas.

De acordo com versões que circularam nos bastidores, Moraes teria recuado de qualquer iniciativa após ser informado de que irregularidades envolvendo repasses do Banco Master ao Banco Regional de Brasília (BRB) alcançavam o montante de R$ 12,2 bilhões.

No desdobramento do caso, Daniel Vorcaro e outros executivos do Banco Master foram presos no dia 18 de novembro. Pouco depois, o Banco Central determinou a liquidação da instituição. Vorcaro deixou a prisão alguns dias mais tarde e atualmente cumpre medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. (Com informações da Folha de S.Paulo)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Mansões, jatos e viagens de luxo eram rotina para o dono do Banco Master
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play