Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de março de 2022
Ao contrário das preocupações entre alguns médicos e o público, beber café pode realmente proteger o coração ao invés de causar ou agravar problemas cardíacos.
A ingestão de duas a três xícaras de café por dia tem sido associada a um risco 10% a 15% menor de contrair doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca e problemas de ritmo cardíaco, ou morrer precocemente por qualquer motivo, de acordo com três resumos de pesquisa publicados nesta semana.
“Como o café pode acelerar o ritmo cardíaco, algumas pessoas temem que a ingestão pode desencadear ou piorar certos problemas cardíacos. É daí que pode vir o conselho médico geral para parar de beber café”, disse Peter M. Kistler, autor sênior do estudo, em um comunicado. Kistler é chefe de pesquisa de eletrofisiologia clínica no Instituto do Coração e Diabetes e chefe de eletrofisiologia no Hospital Alfred em Melbourne, Austrália.
“Descobrimos que tomar café tinha um efeito neutro – o que significa que não fazia mal– ou estava associado a benefícios para a saúde do coração”, disse Kistler, um dos principais especialistas em arritmia, que também é professor de medicina na Universidade de Melbourne e na Universidade Monash, ambas na Austrália.
Para todos os estudos, Kistler e os outros pesquisadores usaram dados do UK Biobank, que acompanha os resultados de saúde de mais de 500 mil pessoas por pelo menos dez anos. Ao ingressar no registro, os participantes relataram o momento em que o consumo de café caiu em uma faixa de até uma xícara a seis xícaras ou mais diariamente.
Os autores da pesquisa atual queriam examinar a relação entre beber café e problemas de ritmo cardíaco (arritmias); doença cardiovascular, incluindo doença cardíaca coronária, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral; e mortes totais e relacionadas ao coração entre pessoas com e sem doença cardíaca.
O primeiro estudo se concentrou em mais de 382,5 mil adultos que não tinham doenças cardíacas e tinham em média 57 anos. Os participantes que bebiam de duas a três xícaras de café diariamente tinham o menor risco de desenvolver mais tarde os problemas cardíacos em que o estudo se concentrou, descobriram os pesquisadores.
As pessoas que bebiam cerca de uma xícara de café por dia tinham o menor risco de ter derrame ou morrer de doença cardiovascular.
Outro estudo analisou as relações entre diferentes tipos de café –moído com cafeína, instantâneo com cafeína e descafeinado– e os mesmos resultados de saúde, se o café descafeinado era moído ou instantâneo não foi especificado, disse Kistler por e-mail.
“Suponho que pode ter havido uma percepção de que o café ‘instantâneo’ mais barato pode ser menos benéfico do que o café ‘moído’, que pode ser visto como ‘mais puro’, mas esse não foi o caso em nosso estudo”, acrescentou.
O que cardíacos devem saber
A pesquisa não estabeleceu uma relação causal entre o consumo de café e as condições de saúde. Mas “há toda uma série de mecanismos pelos quais o café pode reduzir a mortalidade e ter esses efeitos favoráveis nas doenças cardiovasculares”, disse Kistler no comunicado à imprensa.
Esses compostos podem ajudar a reduzir a inflamação, inibir a absorção de gordura do intestino, bloquear os receptores envolvidos com ritmos cardíacos anormais e reduzir o estresse oxidativo, disse Kistler.
O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre os radicais livres e antioxidantes no corpo. Os radicais livres são moléculas instáveis de fontes ambientais, como fumaça de cigarro ou pesticidas, que podem prejudicar as células do corpo.
Se você está se perguntando se pode tomar café dependendo do risco atual ou futuro de problemas cardíacos, converse com seu médico, disse Schwamm, que também é professor de neurologia na Harvard Medical School.
“As pessoas não devem interpretar isso como um endosso de que beber café aumentará sua expectativa de vida”, acrescentou.