Terça-feira, 04 de novembro de 2025

Bolsa brasileira fecha em 150 mil pontos pela primeira vez; dólar recua

A Bolsa de Valores brasileira atingiu o patamar de 150 mil pontos pela primeira vez nesta segunda-feira (3), recorde simbólico para o mercado acionário brasileiro. A marca é uma extensão dos ganhos dos últimos dias, quando o Ibovespa, índice de referência da B3, renovou recordes em todos os pregões da semana passada. Nesta segunda, avançou 0,61% em relação ao patamar de sexta-feira e fechou a 150.454 pontos. No acumulado do ano, registra valorização de mais de 24%.

A sessão foi embalada pela expectativa em torno da temporada de balanços, com destaque para as ações do Itaú (+1,47%), que divulga resultados na noite de terça (4), e da Petrobras (+1,17%), que publica na quinta-feira (6).

No mercado de câmbio, o movimento no Brasil foi similar ao de outras praças emergentes, e o dólar fechou em queda de 0,42%, a R$ 5,357.

Em dia de agenda esvaziada, o mercado pesou os destaques da semana. No exterior, os holofotes se voltaram a dados de emprego ADP dos Estados Unidos, que medem a abertura de vagas no setor privado.

Esperado para quarta-feira (5), o relatório é um dos poucos à manga para monitorar o estado da atividade norte-americana. Por causa da paralisação do governo federal, que entrou na sexta semana nesta segunda, a publicação de dados econômicos foi suspensa.

O momento é particularmente sensível para o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), que se vale dos números da economia para decidir sobre a taxa de juros. Sem a referência das publicações oficiais do governo, a autoridade se abastece de relatórios laterais para decisões de política monetária, embora reconheça que a ausência de dados “padrão-ouro” limita a visibilidade sobre a atividade.

Na reunião da semana passada, o Fed decidiu por estender o ciclo de cortes de juros em mais uma redução de 0,25 ponto percentual, repetindo a dose do encontro anterior, e levou a taxa à banda de 3,75% e 4%.

Novos cortes, porém, não estão garantidos. “Longe disso”, afirmou o presidente da autarquia, Jerome Powell, em entrevista coletiva após a decisão. “Houve opiniões muito diferentes sobre como proceder em dezembro”, disse ele.

As autoridades do Fed reconheceram as limitações impostas pela paralisação do governo, e Powell afirmou que a solução para isso é adotar cautela. “O que você faz quando está dirigindo sob neblina? Você diminui a velocidade”, disse.

Nesse sentido, o relatório ADP pode fornecer pistas sobre o estado do mercado de trabalho, recebendo “uma atenção incomum na ausência de dados oficiais”, pontua Matthew Ryan, head de estratégia de mercado da Ebury.

Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.

Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.

Em relação ao Brasil, há ainda mais um fator que favorece os ativos domésticos: o diferencial de juros. Quando a taxa nos Estados Unidos cai e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”. Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

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