Quarta-feira, 08 de outubro de 2025

Bolsonaristas fazem caminhada por anistia com Michelle, Flávio Bolsonaro e Silas Malafaia

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, promoveram nessa terça-feira (7) uma caminhada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em defesa da anistia aos condenados na esteira dos ataques golpistas de 8 de Janeiro. O grupo rechaçou a ideia de redução de penas, proposta atualmente em discussão na Câmara dos Deputados.

O cortejo com um caminhão de som partiu da Biblioteca Nacional de Brasília às 17h e, cerca de uma hora depois, chegou às imediações do Congresso Nacional. O ato terminou por volta das 18h30.

Além do pastor Silas Malafaia e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, estavam presentes a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e Renato Bolsonaro, que é irmão do ex-presidente. Manifestantes carregaram bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, e pediram anistia “geral, ampla e irrestrita”.

“Anistia é constitucional. O próprio Lula votou a favor da anistia em 1988. Lula, FHC, Alckmin e Temer. Temer que vem agora com esse papo de dosimetria. Dosimetria não é constitucional. Dosimetria não vai apagar o passado dessas pessoas, não vai tirar a mancha, a dor, o drama desses homens e mulheres que estão presos”, discursou Michelle. “Anistia ampla, geral e irrestrita vai pacificar, vai trazer a paz para nação, e vai amenizar a dor dessas famílias”, continuou.

Bolsonaristas têm forçado um paralelo entre a anistia após a ditadura militar e a de agora aos que participaram da tentativa de golpe e dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes em Brasília.

A anistia é a pauta principal do bolsonarismo hoje. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Outros sete réus foram condenados a penas que vão de 2 a 26 anos de reclusão.

Cerca de 1.200 pessoas foram condenadas no STF ou fecharam acordos com o Ministério Público pelo episódio de 2023. Balanço divulgado pela Corte em agosto informava que, naquela data, 29 pessoas estavam presas preventivamente e 112 cumpriam prisão definitiva – outras 44 estavam em prisão domiciliar.

Em seu discurso, Michelle disse que Bolsonaro não cometeu crime e que “o sistema persegue um homem de bem”. Também disse que “o Brasil é do senhor Jesus” e conduziu uma oração junto com os manifestantes antes de encerrar o ato.

A caminhada dessa terça foi convocada por Malafaia. A ideia foi se contrapor aos protestos convocados pela esquerda que ocorreram por todo o País no último dia 21.

As manifestações de setembro contaram com a participação de artistas, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Rio de Janeiro, e ajudaram a enterrar a PEC da Blindagem e a esfriar as movimentações pela anistia.

Os atos foram convocados, com poucos dias de antecedência, em ao menos 33 cidades pelo País, incluindo 22 capitais, pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e ao PT e que reúnem movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

“Nós não podemos deixar a esquerda com a última palavra naquela palhaçada de artista de misturar temas, certo? Para enganar o povo. Então, no mínimo, vamos fazer uma caminhada”, disse Malafaia ao chamar para a caminhada.

A opção foi pelo formato de uma caminhada num dia de semana, não uma manifestação no domingo, porque havia pouco tempo para articular um novo protesto de grande porte.

Nos discursos dessa terça, houve referências à manifestação da esquerda. “A gente não precisa de Lei Rouanet. A gente não precisa trazer famoso para dizer que conseguiram colocar a população nas ruas. Aqui é orgânico, vieram de graça, amam o Brasil e cantam o hino nacional com lágrimas nos olhos”, disse Michelle.

Michelle foi a última a discursar no ato. Parlamentares também usaram o microfone antes para pedir anistia e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) acrescentou ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes. “Bolsonaro está preso por causa de um miserável e covarde chamado Moraes”, disse ele.

Segundo Malafaia, a expectativa é que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), paute a proposta nesta semana. Mas o projeto de lei relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e que conta com o apoio de Motta trata da redução de penas, não do perdão.

Ao chegar no ato, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse à Folha que a maneira de aprovar a anistia é “colocar o povo na rua”. (Com informações da Folha de S.Paulo)

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