Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de novembro de 2023
Uma comitiva de parlamentares de direita, liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aproveitou o feriado da Proclamação da República no Brasil, comemorado nessa quarta-feira (15), para fazer uma visita à Washington, capital dos Estados Unidos, onde foram recebidos pelo parlamentar George Santos, integrante do Partido Republicano que é acusado pela Justiça americana de ter cometido quatro crimes.
Participam da viagem, além de Eduardo, os senadores Magno Malta (PL-ES) e Jorge Seif (PL-SC) e os deputados Altineu Côrtes (PL-RJ), Delegado Ramagem (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Gustavo Gayer (PL-GO). Também esteve presente na viagem o comentarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo.
Filho de brasileiros e apoiador do ex-presidente dos EUA Donald Trump, Santos é acusado de fraude fiscal, lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas e de mentir perante o Congresso americano.
O parlamentar também é acusado de ter recebido ilegalmente mais de US$ 24 mil da ajuda dada pelo governo dos EUA a desempregados durante a pandemia. O republicano já teve contra si duas tentativas de cassação no Congresso americano, a última ainda neste mês.
Conforme os parlamentares brasileiros, a comitiva está em “missão” nos EUA para “mostrar ao mundo” supostas violações de direitos como a liberdade de expressão. Eles gravaram vídeos e tiraram fotos no prédio do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos, o mesmo prédio que foi invadido em 6 de janeiro de 2021 por apoiadores de Trump para tentar interromper a transição democrática americana e impedir a posse do atual presidente americano, Joe Biden.
“A gente vai ter algumas reuniões com autoridades americanas aqui e expor um pouquinho do que está acontecendo no Brasil. Conseguimos dezenas de assinaturas de senadores e deputados de uma carta que fala da liberdade de expressão, determinadas situações que estão acontecendo no Brasil que não combinam com Estado democrático de direito”, afirmou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro em um vídeo gravado para as redes sociais.
O grupo também foi recebido pela deputada americana Marjorie Greene, que autografou um livro para Eduardo e registrou um vídeo em “apoio à proteção da liberdade de expressão e eleições limpas”. Ela também é apoiadora de Trump, que contestou as eleições americanas de 2020 e está sendo investigado por isso.
A viagem rendeu aos bolsonaristas críticas de apoiadores. Silvio Grimaldo, diretor-executivo do Brasil Sem Medo, site fundado por Olavo de Carvalho, ironizou a “coincidência” da viagem ter sido feita no mês da Black Friday, tradicional data de compras e preços baixos nos EUA.
Outros pressionaram os deputados pelo fato de não estarem no Brasil para participar de manifestações a favor de Jair Bolsonaro no feriado da Proclamação da República.
Nos comentários das publicações de Eduardo nas redes sociais, usuários cobraram que os deputados não peçam reembolso pela viagem e lembraram, em tom de ironia, a viagem de Eduardo ao Catar durante a Copa do Mundo de Futebol no ano passado para, segundo ele, “entregar um pen drive” às autoridades locais sobre a “situação do Brasil”, justificativa que os próprios apoiadores consideraram questionável.
Viagens recentes também se tornaram saia-justa para outra integrante da comitiva, Júlia Zanatta. No mesmo fim de semana do casamento da colega de bancada e conterrânea de Santa Catarina Caroline de Toni, Zanatta foi reembolsada pela Câmara pela hospedagem na cidade de Xanxerê, na região oeste do estado.
Na ocasião, Zanatta e seu marido, Guilherme Colombo, ficaram duas noites em um hotel e tiveram o custo das diárias (R$ 780) reembolsado, como parte da Cota Parlamentar que prevê gastos em hospedagens fora do Distrito Federal. A deputada disse que cumpriu agendas na região, o que justificaria o reembolso.