Sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Bolsonaristas temem relaxamento de sanções aplicadas pelos Estados Unidos após aceno de Trump a Lula

A fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU acendeu um “alerta” para lideranças bolsonaristas.

Trump disse ter sentido uma afinidade recíproca por Lula e afirmou que os dois devem conversar nos próximos dias, o que motivou um sentimento de temor de que a movimentação possa se traduzir em relaxamento das sanções impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante as negociações pelas tarifas estipuladas aos produtos brasileiros.

Embora o discurso oficial do bolsonarismo seja o de replicar o tom do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que minimizou os acenos feitos por Trump a Lula, as lideranças do Congresso avaliam que Lula pode obter uma reaproximação com o governo americano, o que tem potencial para promover um armistício nas recentes sanções.

Além de aplicar uma sobretaxa de 50% a parte dos produtos brasileiros, os EUA também impuseram sanções individuais a autoridades do País, como o cancelamento de vistos e o uso da Lei Magnitsky, em resposta ao processo e à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela trama golpista.

A restrição mais rígida — criada para punir estrangeiros acusados de corrupção grave ou violações de direitos humanos e que impede transações financeiras por meio de instituições que atuam nos EUA — foi imposta ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e à sua mulher, a advogada Viviane Barci de Moraes.

Ao comentar nesta semana as falas de Trump nas redes sociais, Eduardo argumentou que o republicano “fez exatamente o que sempre praticou”, ao citar que o americano aumentou a tensão, aplicou sanções e depois se recolocou à mesa em posição de força.

Na avaliação do parlamentar, o movimento do presidente dos EUA não representa uma vitória de Lula, mas um passo calculado.

Eduardo citou como exemplo a sanção imposta à mulher de Moraes, na véspera do discurso, que chamou de “recado claro e direto”.

Para Eduardo, o gesto evidenciou a “firmeza estratégica” de Trump, que logo em seguida abriu espaço para diálogo.

“O que se vê é a marca registrada de Trump: ele entra na mesa quando quer, da forma que quer e na posição que quer”, escreveu. Segundo Eduardo, caberá a Lula “tentar extrair algo de positivo” em um cenário no qual o Brasil depende do bom relacionamento com os Estados Unidos. “Ao final, Trump ainda disse que sem os EUA o Brasil vai mal. Não há para onde correr: o Brasil precisa dos EUA, reconheça isto ou não”, afirmou.

A fala de Trump ocorreu logo após o discurso do presidente brasileiro, que fez várias críticas indiretas aos EUA e ao republicano. O tom de Lula foi elogiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para quem o Brasil precisa defender, como fez o petista, a sua soberania diante do aumento de tarifas e de sanções anunciadas pelo governo dos EUA.

“Defendo sempre que o governo brasileiro possa, em diálogo com o governo americano, dirimir as dúvidas, poder deixar para trás essa questão das tarifas, das sanções, para que a relação entre os países possa ser retomada. Sempre defendendo que o Brasil tenha instituições sólidas, tenha uma democracia forte e que nossa soberania não esteja em discussão. O Brasil precisa defender isso, como o presidente Lula fez hoje em seu discurso na ONU . Confio que através do diálogo e que através da diplomacia essa situação possa ser resolvida”, disse Motta.

Nas redes sociais, o gesto de aproximação de Trump mobilizou da esquerda à direita brasileiras. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), lembrou da relação que o petista teve com George W. Bush, republicano que governou os EUA entre 2001 a 2009, e afirmou que a “altivez” do presidente brasileiro faz com que ele seja respeitado por líderes mundiais. “Fico vendo como essa turma bolsonarista deve estar desesperada. Lula é genial. Maior orgulho de seguir esse cara”, disse.

 

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