Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Bolsonaro admite desmatamento e culpa países que compram madeira do Brasil

O presidente Jair Bolsonaro admitiu na semana passada que há desmatamento e queimadas ilegais no Brasil, mas questionou a proporção dos dados divulgados, um dia após o próprio governo informar números recordes de desmatamento na Amazônia.

Na tradicional transmissão semanal ao vivo por meio de redes sociais, o presidente também responsabilizou a demanda internacional por madeira pelo desmatamento.

“Tem desmatamento ilegal, tem. É só os outros países não comprarem a madeira nossa”, disse o presidente. “Tem desmatamento ilegal, tem alguma queimada ilegal? Tem queimada ilegal, tem. Mas não é nessa proporção toda que dizem por aí. E nós combatemos isso. Agora, alguns falam, ah, tem que combater mais’, você sabe o tamanho da Amazônia? Quantos países da Europa cabem na Amazônia?”, questionou.

Bolsonaro também voltou a repetir a tese segundo a qual a floresta amazônica não pegaria fogo e disse que críticas à política ambiental propagadas no exterior prejudicam a imagem do País e o ambiente de negócios.

Na última quinta-feira, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que o desmatamento da Amazônia atingiu a marca de 13.235 quilômetros quadrados entre 1 de agosto de 2020 a 31 julho de 2021, alta de 21,97% na comparação anual com o mesmo período.

Os dados foram apurados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e divulgados em um documento no site do governo federal.

‘Inaceitáveis’

Os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, realizaram uma coletiva de imprensa para falar sobre ações do governo no combate ao desmatamento da Floresta Amazônica.

Segundo Leite, os números divulgados pelo Inpe ainda não refletem a atuação mais recente da Força Nacional no combate a crimes ambientais. “Os números que foram apresentados são números que tiveram uma alta que não refletem exatamente a atuação dos últimos meses, que nós estamos sendo mais presentes. E a Força Nacional, junto com Ibama e ICMBio, têm atuado em 23 municípios de forma permanente”.

Ele prometeu rigor na fiscalização e classificou os números do Inpe como “inaceitáveis”. “Queremos deixar claro que o governo federal irá atuar de forma contundente contra qualquer crime contundentemente ambiental na Amazônia”, afirmou Joaquim Leite.

Já o ministro da Justiça e Segurança Pública enfatizou que a pasta prepara um novo planejamento operacional para intensificar mais a fiscalização. “Estamos readequando as nossas forças e subiremos para essas regiões de desmatamento. O Estado brasileiro vai subir com força ambiental”.

O ministro do Meio Ambiente foi questionado por jornalistas o motivo pelo qual o relatório do Inpe, com data de 27 de outubro, só ter sido tornado público na quinta. A data do documento é anterior ao período da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), ocorrida em Glasgow, na Escócia, entre os dias 1º e 12 de novembro.

“Talvez tenha sido por cautela que o Inpe tenha atrasado a divulgação desses dados para alguma revisão, mas eu não tenho essa informação. O que eu tenho informação é que foi divulgado hoje e nós estamos aqui deixando claro que esse número é inaceitável e nós vamos combater total”, disse Joaquim Leite.

Amazônia

De acordo com o Inpe, o desmatamento na Amazônia atingiu 13.235 quilômetros quadrados entre agosto de 2020 e julho de 2021. O número representa uma alta de 21,97% na comparação com o período anterior, quando foi desmatada uma área total de 10.851 quilômetros quadrados. O volume de área de floresta devastada nesse último período corresponde a cerca de 8 vezes o tamanho do município de São Paulo.

A estimativa é realizada por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que utiliza imagens do satélite Landsat ou similares para registrar e quantificar as áreas desmatadas maiores que 6,25 hectares.

Segundo Inpe, o Prodes considera como desmatamento a remoção completa da cobertura florestal primária por corte raso, independentemente da futura utilização destas áreas. A estimativa da taxa 2021 foi calculada a partir da análise de 106 cenas prioritárias de todos os estados da Amazônia Legal. Esta é a quarta alta anual consecutiva de desmatamento na Amazônia, a maior sequência deste o início das medições, em 1988.

De acordo com os dados, o Pará foi responsável por 39,72% do desmatamento no período analisado, com mais de 5,2 mil quilômetros de quadrados de floresta destruída. Em tamanho de área atingida, aparecem na sequência Amazonas (2,3 mil km2), Mato Grosso (2,2 mil km2) e Rondônia (1,6 mil km2). Juntos, esses quatro estados correspondem a 87,2% do desmatamento estimado na Amazônia Legal, segundo o Inpe.

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