Domingo, 28 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de outubro de 2021
Em linha com o vice-presidente Hamilton Mourão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (8) que uma solução para a falta de fertilizantes no mercado seria explorar potássio na foz do rio Madeira, na Amazônia. “Mas temos problema sério: passa por terra indígena”, disse o chefe do Executivo, na cerimônia alusiva à 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP).
Mais cedo, Mourão deu a mesma fórmula para um impasse apresentado na quinta (7) por Bolsonaro — o presidente previu desabastecimento no País no próximo ano por falta de fertilizantes. “Por questão de crise energética, a China começa a produzir menos fertilizantes. Já aumentou de preço, vai aumentar mais e vai faltar. A cada cinco pratos de comida no mundo, um sai do Brasil. Vamos ter problemas de abastecimento no ano que vem”, declarou.
Ao trazer à questão novamente à tona, Bolsonaro voltou a criticar o julgamento do marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), suspenso após pedido do ministro Alexandre de Moraes. Eventual derrubada da tese na Corte desobrigaria comunidades indígenas a comprovar ocupação no território na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, e poderia, na visão do governo, ampliar o número de demarcações no País.
O Executivo é contrário a novos reconhecimento de posse por comunidades originárias e alega impacto na produção e na exploração de recursos naturais, como o potássio.
Ainda em Campinas, Bolsonaro lembrou que citou “por alto” a questão do marco temporal em seu discurso na 76ª Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), apesar dos pedidos de embaixadores por uma moderação na fala. “‘Não fale nesse assunto, faça discurso de estadista’; que estadista, p…?”, disse o presidente sobre os pedidos. Na ONU, o chefe do Executivo não falou especificamente do marco temporal, mas se colocou contrário a novas demarcações de terras indígenas.
Também nesta sexta, Bolsonaro afirmou que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a condução da política econômica nacional. “Tenho falado com Paulo Guedes, não basta a economia, você tem que ter viés político”, afirmou o chefe do Executivo.
Apesar disso, Bolsonaro garantiu que não vai interferir na Petrobras e ou congelar o preço dos combustíveis na canetada. “Não tenho poder sobre Petrobras”, disse. “Já tivemos experiência de congelamento no passado”.
As declarações vêm em meio à pressão do presidente por alguma medida que diminua o preço dos combustíveis, vilão da inflação, além das negociações pelo Auxílio Brasil, programa para substituir o Bolsa Família e tornar-se a vitrine eleitoral do governo nas eleições de 2022.