Quinta-feira, 17 de julho de 2025

Bolsonaro compara acusação a matar marciano: “E nem o corpo do marciano estava ali”

O ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (15) ter vergonha do pedido de condenação da Procuradoria-Geral da República (PGR) dele e dos outros sete réus do núcleo central do caso da trama golpista.

“Como é que eu vou provar que eu não quebrei nada no Palácio, se eu tava nos Estados Unidos? Não tem o que discutir. É uma vergonha esse relatório do Paulo Gonet [procurador-geral da República]”, disse em entrevista ao portal Poder360.

O ex-presidente já foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques e mentiras sobre o sistema de votação e é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de ter liderado a trama golpista. Hoje está inelegível até 2030. As alegações finais da acusação foram entregues pela PGR na segunda-feira (14).

O ex-presidente voltou a dizer que não estava no Brasil durante os ataques golpistas de 8 de janeiro e que, portanto, não poderia ser acusado de depredação de patrimônio público. A PGR, na verdade, não o acusa de diretamente depredar o patrimônio, mas de articular atos que levaram ao 8 de Janeiro.

Bolsonaro declarou também que, quando Gonet foi escolhido para ser indicado ao cargo por Lula (PT), não tinha problema nenhum com ele. “Lula errou né, está botando uma pessoa que é cristã, tem boa fama. E parece que ele mudou de ideia”, afirmou.

O ex-presidente negou ainda ter intenção de deixar o país. Ele está com o passaporte retido em razão das investigações.

“Estou com 70 anos, cheio de problema de saúde, como é que vou para outro país? Outra, quero ver esse julgamento meu. Estou falando para vocês aqui e vou começar a falar para a imprensa, como vou ser responsável por danificar patrimônio se tava nos Estados Unidos?”, questionou.

Núcleo 4

O ministro Alexandre de Moraes marcou para o dia 24 deste mês o interrogatório dos sete réus que fazem parte do Núcleo 4 da suposta trama golpista que teria atuado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após derrota nas urnas.

O Núcleo 4 foi apontado pela PGR como responsável por ações estratégicas de desinformação, sobretudo em relação ao processo eleitoral.

Assim como nos demais núcleos, os sete réus do quarto grupo respondem por cinco crimes: organização criminosa, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Somadas, as penas podem superar os 30 anos de cadeia.

Entre os atos criminosos, estariam a disseminação de notícias falsas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas e ataques a autoridades que se colocassem no caminho dos planos golpistas.

Nesta quarta-feira (16), foram ouvidas as últimas testemunhas de defesa do Núcleo 2, em audiência realizada por videoconferência, mas sem transmissão ou qualquer tipo de gravação em áudio ou vídeo, por determinação de Moraes. Apenas jornalistas credenciados puderem acompanhar as oitivas a partir da sala da Primeira Turma.

A fase seguinte, de interrogatório dos réus, é a oportunidade que os acusados têm para apresentar pessoalmente sua própria versão dos acontecimentos. Depois de os réus serem ouvidos, outras diligências podem ser pedidas por acusação ou defesa, antes que Moraes, como ministro-relator, declare encerrada a fase de instrução da ação penal.

Por último, deve ser aberto prazo para as alegações finais das partes, antes que o caso possa ser julgado pelos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo: Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino, além do próprio Moraes.

Os réus do Núcleo 4 são:

. Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército);

. Ângelo Martins Denicoli (major da reserva);

. Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente);

. Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel);

. Reginaldo Vieira de Abreu (coronel);

. Marcelo Araújo Bormevet (policial federal);

. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).

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