Terça-feira, 21 de outubro de 2025

Bolsonaro diz que carta à democracia é reação de banqueiros à criação do Pix

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (28), que a Carta em Defesa da Democracia é uma reação dos banqueiros à criação do Pix e a um suposto fim do monopólio do setor bancário. Os mesmos argumentos já tinham sido apresentados na última terça (26), pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).

“Você pode ver, esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o Pix que eu dei a paulada neles, os bancos digitais também, que nós facilitamos”, declarou o presidente a apoiadores. “Estamos acabando com o monopólio de bancos. Eles estão perdendo poder. Carta pela democracia… Qual a ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?”, acrescentou.

Nogueira também afirmou que o manifesto seria resultado de medidas do Banco Central, como a instituição de transferências bancárias via Pix que, para o senador licenciado, reduzem as taxas cobradas pelos bancos e culminam em uma redução anual de receitas que chega nos R$ 40 bilhões. “Então, presidente, se o senhor faz alguém perder 40 bilhões por ano para beneficiar os brasileiros, não surpreende que o prejudicado assine manifesto contra o senhor”, escreveu no Twitter.

A queda no faturamento dos bancos após o lançamento do Pix foi inferior a 2% do lucro. Os quatro maiores do País – Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander – tiveram em 2021 seu maior lucro dos últimos 15 anos, de R$ 81 bilhões.

Organizada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), a Carta em Defesa da Democracia é assinada por banqueiros, juristas, empresários e políticos da esquerda à direita, e visa reagir aos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro.

O manifesto foi lançado na terça, e já conta com mais de 300 mil assinaturas. Entre os signatários do documento estão Roberto Setubal e Candido Bracher (Itaú Unibanco), representantes da indústria como Walter Schalka (Suzano) e de empresas de bens de consumo como Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura).

Ataques hacker

Desde quando foi lançado até a manhã desta quinta, o site da carta em defesa da democracia já sofreu mais de 2 mil tentativas de ataques hackers, informou o procurador-geral do Ministério Público de Contas de São Paulo, Thiago Pinheiro Lima, um dos organizadores da iniciativa.

“Tentam invadir o sistema e tentam principalmente derrubar o site. Pelo que soubemos, colocaram nosso site na deep web e estão incentivando as pessoas a derrubar o site por lá. Eles estão usando palavras de baixo calão, xingamentos, agressões, e tentam se inscrever por outras pessoas, para depois deslegitimar a lista”, contou o procurador.

Segundo Pinheiro Lima, as tentativas de ataque já eram esperadas, e mecanismos de segurança que funcionam 24 horas por dia vêm conseguindo impedi-las de acessar o sistema.

Além disso, os organizadores estão conseguindo rastrear as origens dos ataques e providências serão tomadas, contou Pinheiro Lima.

Em nota, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo ressaltou que todas as tentativas de ataques hackers “estão sendo monitoradas pela equipe técnica da USP, bem como pela equipe técnica responsável pela coleta de assinaturas”.

“Dessa forma, combatendo essas tentativas de invasão, a Faculdade de Direito da USP seguirá no recolhimento de novas adesões e no caminho da Defesa do Estado Democrático de Direito Sempre”, disse a universidade.

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