Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de novembro de 2025
Amigos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são diretos quando indagados sobre como ele está no momento. Abandonado, mal cuidado, ruim foram algumas das expressões ouvidas nos últimos dias. E a queixa de isolamento pode ser conferida em números.
À medida que se aproxima sua prisão em regime fechado, após o fim dos recursos à condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro tem sido deixado de lado. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo no sistema da Corte aponta uma redução de 74%, de agosto para cá, no número de pedidos para visitá-lo na prisão domiciliar.
Nas primeiras quatro semanas da prisão domiciliar de Bolsonaro, foram 123 pedidos de visitas. Nos últimos 30 dias, por outro lado, esse total caiu para 32. Em novembro até o dia sete, foram apenas 10 solicitações. Algumas são de familiares do ex-presidente, como o irmão Renato, e também de um grupo de oração da ex-primeira-dama Michelle.
Um dos políticos que mais pediram para visitar Bolsonaro foi o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com 9 solicitações. Em outubro, contudo, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, passou a impedir o contato entre os dois com a reabertura de uma investigação contra o dirigente partidário por suposta participação na tentativa de golpe de Estado.
Pessoas próximas ao ex-presidente dizem que tem reclamado do abandono. Ele tem crises frequentes de soluço, por conta de seu estado de saúde, e tem demonstrado também desânimo com a iminência de ser preso.
Na sexta-feira (7), o STF formou maioria para negar recurso de Bolsonaro e manter pena de 27 anos e três meses na trama golpista.
Relator do processo, Alexandre de Moares foi o primeiro a votar e foi acompanhado integralmente por Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.
Único a votar pela absolvição de Bolsonaro em setembro, o ministro Luiz Fux solicitou sua transferência para a Segunda Turma e, por isso, não participou desse julgamento.
Esse primeiro recurso apresentado é chamado de embargos de declaração, que serve para esclarecer possíveis erros, omissões e contradições do julgamento.
Moraes, porém, considerou que o recurso não buscou sanar esses problemas, mas contestar o mérito da condenação.
“Não merecem guarida os aclaratórios que, a pretexto de sanar omissões da decisão embargada, reproduzem mero inconformismo com o desfecho do julgamento”, diz o voto.
“O acórdão condenatório demonstrou que Jair Messias Bolsonaro atuou, dolosamente, para estruturar um projeto golpista e de ruptura das instituições democráticas”, diz ainda Moraes.
Bolsonaro só deve ser preso para cumprir a sentença quando o processo atingir o chamado “trânsito em julgado”, ou seja, após o fim de todos os recursos, ou se o STF considerar que os pedidos da defesa são “protelatórios”.