Terça-feira, 04 de novembro de 2025

Bolsonaro perde força política, com iminência de prisão; projeto de anistia não encontra respaldo no Congresso Nacional

O ex-presidente Jair Bolsonaro vem perdendo espaço político diante da pressão do Supremo Tribunal Federal (STF), das negociações travadas no Congresso e da recuperação de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas. O cerco se intensificou com os últimos recursos apresentados na Corte, o impasse em torno do projeto de lei da dosimetria, enfraquecido pela crise na segurança pública, e a reabertura do diálogo entre o governo federal e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O desgaste do ex-presidente aparece nos campos jurídico, político e simbólico. Condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, Bolsonaro apresentou um dos últimos recursos possíveis antes de o relator Alexandre de Moraes e os demais ministros da Primeira Turma decidirem sobre sua prisão.

A expectativa é que o julgamento, marcado para o próximo dia 7, não traga alterações substanciais. No campo político, o projeto de lei para reduzir as penas dos condenados pelos ataques do 8 de Janeiro, conhecido como “PL da Dosimetria” continua travado na Câmara. O texto poderia beneficiar diretamente Bolsonaro.

Para o líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (PDT-MG), a proposta “perdeu gás” até mesmo entre a oposição. Já o líder da bancada oposicionista, Zucco (PL-RS), rebate e afirma que o projeto permanece na pauta do partido.

Na avaliação do cientista político Leandro Consentino, do Insper, a perda de tração do projeto decorre de uma combinação de fatores, entre eles a megaoperação contra o Comando Vermelho, no Rio.

Timing

“Essa pauta vai perdendo o timing e ficando velha. Além de não agradar nem à esquerda nem à direita, acabou naufragando”, disse ele.

Consentino também relaciona o impasse aos desgastes na Câmara, como o provocado pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, aprovada na Casa, mas sepultada no Senado.

A proposta perdeu impulso após a ofensiva articulada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com autoridades dos Estados Unidos. Um dos efeitos foi a imposição de prisão domiciliar a Bolsonaro. Após meses de tratativas, o diálogo entre Brasília e Washington foi restabelecido, culminando no primeiro encontro entre o presidente Lula e Trump, na Malásia.

Para o cientista político Antonio Lavareda, o episódio simboliza a capacidade de Lula de converter tensão em diálogo. “O que teve maior peso foi a reação de Lula e do governo brasileiro ao tarifário e às sanções de Trump”, observa.

A melhora na avaliação de Lula, no diagnóstico de Lavareda, reduz o espaço para que o governador Tarcísio de Freitas seja uma alternativa competitiva, o que, na prática, amplia o isolamento de Bolsonaro e afasta a perspectiva de uma guinada à direita em 2027, caminho para um eventual indulto. (Com informações de O Estado de S. Paulo)

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