Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de agosto de 2023
O clã Bolsonaro e seus aliados mais próximos estão preocupados com o que investigadores podem encontrar nos celulares apreendidos com Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, no caso das joias sauditas.
Um interlocutor próximo da família Bolsonaro afirmou que Wassef é visto como “inconsequente” e como alguém que “não joga em grupo”. A possibilidade de que o advogado tenha gravado conversas com Bolsonaro, com o senador Flávio ou com Fabrício Queiroz tem tirado o sono do grupo que orbita o ex-presidente.
Não para por aí, teme-se que autoridades do Judiciário e do Ministério Público também tenham sido gravadas. Flávio Bolsonaro é o principal ponto de preocupação, pois ele e Wassef eram muito próximos. O advogado, inclusive, fazia questão de ressaltar sempre sua proximidade com o filho 01 de Bolsonaro.
“Ele gravava todo mundo”, segundo disse um dos interlocutores mais próximos do ex-presidente.
O ex-presidente garantiu à sua defesa que Wassef não tem nada de comprometedor em mãos no que diz respeito a mensagens, áudios ou ligações. Entretanto a preocupação com eventuais gravações virou o principal assunto entre as rodas bolsonaristas.
CPMI
Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro querem ouvir o advogado sobre a recompra do relógio Rolex avaliado em mais de R$ 300 mil, mesmo ele estando endividado. Segundo os parlamentares do colegiado, a movimentação financeira de Wassef pode ajudar a esclarecer o que chamam de “projeto de golpe de Estado”, que envolveria o esquema das joias sob investigação.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmou que a CPMI já pretendia chamar Wassef por causa de seu envolvimento no esquema suspeito de desvio e venda ilegal de presentes recebidos por Jair Bolsonaro enquanto ocupava a Presidência.
Agora, na avaliação da senadora, a decisão sobre a convocação tende a ser acelerada. “Isso (informação de que Wassef acumula dívidas) nos dá uma pista e reforça a necessidade de ouvi-lo, nos traz mais indícios de que, sim, pode haver algo”, disse Soraya.
“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo era exatamente devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República”, afirmou o advogado, após ser alvo da Operação Lucas 2:12.
Wassef ainda ironizou ao dizer que “o governo do Brasil” lhe “deve R$ 300 mil” e negou que o pedido para recuperar o Rolex tenha partido de Bolsonaro.