Domingo, 05 de outubro de 2025

“Brasil é hoje um sistema mais democrático do que os Estados Unidos”, diz autor do best-seller “Como as democracias morrem”

As instituições brasileiras responderam melhor às ameaças à sua democracia do que as americanas fizeram em um cenário semelhante, afirma Steven Levitsky, autor do best-seller Como as democracias morrem e professor da Universidade de Harvard.

“Acho que hoje o Brasil é um sistema mais democrático do que os Estados Unidos. Esse pode não ser o caso daqui a um ano, mas hoje as instituições brasileiras estão funcionando melhor”, disse o cientista político em entrevista à BBC News Brasil no início da tarde de segunda-feira (21/7).

Segundo Levitsky, a resposta brasileira às ameaças durante e depois das eleições de 2022 foi melhor orquestrada e mais forte do que a dada pelos Estados Unidos ao presidente Donald Trump após a tentativa de invasão ao Capitólio em 2021.

O autor afirma ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) fez um importante trabalho de proteção da democracia durante o governo Jair Bolsonaro (PL), mas alerta para a necessidade de a Corte voltar “para o seu devido lugar” assim que a crise atual for superada.

“Sempre que há um órgão não eleito formulando políticas, se está em um território perigoso em uma democracia”, diz, em referência ao STF. “Com relação ao processo contra Bolsonaro, pelo que posso perceber, o tribunal parece estar no seu devido lugar. Este é o trabalho do tribunal: julgar Bolsonaro e puni-lo, se ele for de fato considerado culpado.”

Questionado sobre as decisões do governo de Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras e sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e seus “aliados”, Steven Levitsky afirmou se tratar de ações de intimidação e bullying que estão “minando” o processo democrático no país.

Também segundo o professor de Harvard, a tentativa de interferência atual dos EUA no Brasil é mais “personalizada”, “desinformada” e “arrogante” do que as ações desempenhadas pelos americanos na América Latina durante a Guerra Fria – quando Washington apoiou golpes militares que instalaram ditaduras que perseguiram e em alguns casos torturam e assassinaram inimigos políticos.

“Quer concordemos ou não com a política dos EUA em 1964 no Brasil, ou em 1973 no Chile, pelo menos se tratou de uma política de Estado´[…]. Não é isso [que está acontecendo agora]. O que vemos é um capricho pessoal de Trump baseado em muita desinformação, muita ignorância e muita arrogância”, afirma.

“Não se trata de uma política séria, mas de um país muito grande, rico e poderoso, fazendo política externa de uma república das bananas.”

Levitsky disse ainda acreditar que “aqueles que enfrentam Trump têm mais probabilidade de sucesso” no embate contra as “ameaças unilaterais” e políticas comerciais do republicano.

“É difícil pedir a qualquer governo para enfrentar Trump, mas acho que todos nós estaremos melhor se ele for contido”, afirmou, sobre a melhor resposta do Brasil às últimas ações da Casa Branca.

Para o estudioso, o governo brasileiro se tornou alvo do presidente americano por “motivos pessoais” de Donald Trump e por não se curvar aos Estados Unidos.

“De nações que não são potências nucleares, que não são a Rússia ou a China, Trump espera subserviência. E governos como o Brasil, que não se curvam, têm mais chances de se tornarem alvos.” As informações são do portal BBC News.

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