Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de junho de 2025
O assessor especial do Ministério da Fazenda Igor Marchesini Ferreira afirmou que o Brasil é o País mais caro do mundo para contratação de serviços digitais em se tratando de processamento e tratamento de dados.
“Brasil é um dos países mais caros do planeta, seja para importar servidor, seja para construir servidor. (…) A questão não é nem só a carga tributária, é a carga e a complexidade”, afirmou. Segundo ele, esse fator, não necessariamente, resulta em maior arrecadação por conta das “artimanhas” que podem ser feitas para o não pagamento.
Conforme Ferreira, atualmente, cerca de 60% da carga digital do Brasil está concentrada na Virgínia, nos Estados Unidos. “Isso é problemático para todo o setor produtivo”, avaliou. Ferreira disse também que, num contexto de geopolítica complexa como a atual, uma política para data centers no Brasil é uma questão de soberania.
“Se um cabo desses é cortado, não é que desconecta a gente dos Estados Unidos, não é que desconecta o Brasil da internet, desliga-se o Brasil”, disse sobre relatos feitos ao presidente Lula a respeito do tema.
O assessor afirmou ainda que o Redata, política de estímulos para atração de data centers para o Brasil, não é o fim das iniciativas que estão sendo pensadas para o setor no País, mas o começo.
“Uma das coisas que a gente combinou no governo nessa corrida, dada a natureza tão dinâmica dessa questão, é que, em vez de a gente tentar achar todas as soluções e fazer um grande pacotão de soltar tudo de uma vez só, a gente vai fazer política pública de maneira iterativa. Então, a gente vai soltando um bloco, ouvindo a sociedade e indo para o próximo”, disse.
Ele disse também que, nesse contexto, a primeira estratégia do governo será tirar a incerteza tributária sobre o tema, que “previne a instalação, a aceleração da vinda dessas empresas do Brasil”.
Também disse que, considerando a reforma tributária, não seria necessário fazer nada por sua efetividade. A questão, então, será antecipar os efeitos dela para essa indústria e exigir contrapartidas que estão relacionadas a questões ambientais e de mercado doméstico para que a capacidade não seja 100% exportada, entre outras.
Do ponto de vista fiscal, ele afirmou que foi possível desenhar uma política que fosse, fiscalmente, “pelo menos neutra e potencialmente positiva para os anos de 2026 e 2027” já que não mexe na questão da construção do prédio e outras estruturas necessárias, mas apenas no “miolo da TI”, disse, sobre Tecnologia da Informação. “O que eu vou arrecadar no prédio mais do que compensa o que eu vou abrir mão no miolo. Isso sem ainda considerar o volume, que tende a aumentar de maneira exponencial”, completou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.