Segunda-feira, 07 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 6 de julho de 2025
O Brasil driblou pressões da Rússia e evitou debates sobre a criação de uma moeda comum do Brics para fins comerciais, ou mesmo um sistema alternativo de pagamentos ao Swift, durante sua presidência do grupo, segundo fontes do governo ouvidas pela CNN.
Por isso, a declaração dos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais no sábado (5) não tratará diretamente disso, concentrando-se em formas de reduzir os custos de transação comercial, afirmaram essas fontes.
A declaração final da última reunião de líderes do Brics, em Kazan (Rússia), encarregava a trilha financeira do grupo de avançar com “instrumentos e plataformas de pagamento” ao longo de 2025.
De acordo com fontes do governo brasileiro, para a Rússia, isso significava explorar possibilidades de criar um meio alternativo ao Swift — sistema de pagamentos globais que permite aos bancos comunicar-se entre si de forma rápida e segura.
Com a guerra da Ucrânia e as sanções ocidentais, a Rússia foi praticamente banida do Swift.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou em uma moeda comum para transações comerciais e o russo Vladimir Putin demonstrou entusiasmo com essa possibilidade. Por sua vez, Donald Trump ameaçou impor tarifas adicionais para a entrada de produtos do Brics nos Estados Unidos caso essa ideia prosperasse.
Desde que assumiu a presidência do grupo, porém, o Brasil rejeitou esse tipo de discussão e tem preferido se dedicar a um inventário sobre os sistemas já existentes, mapeando caminhos viáveis para reduzir custos operacionais — mas sem moeda comum ou sistema alternativo ao Swift.
O Banco Central apresentou aos demais países do Brics um relatório sobre a experiência dos atuais sistemas de cada país, possibilidades de cooperação, uso ou não de moedas digitais (como o Drex). Nada muito além disso.
De acordo com uma fonte, até mesmo a ideia de reforçar o uso de moedas locais tem perdido força porque ninguém gostaria de ter rúpias indianas, rands sul-africanos ou reais brasileiros em caixa — o que forçaria cada país com essas moedas a importar produtos necessariamente do país emissor.
Segundo relatos feitos à CNN, o caminho a ser reforçado é o de “swaps cambiais” (troca de moedas para composição de reservas) entre os países do Brics. (Com informações da CNN Brasil)