Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de outubro de 2022
Batalha frenética nas redes sociais, “guerra santa” (com a religião levada insistentemente ao centro do debate) e inéditas declarações de apoio vindas de personalidades e de ex-adversários políticos marcaram a campanha de segundo turno da eleição 2022.
Nas quatro semanas que sucederam o primeiro turno, realizado em 2 de outubro, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) envolveram-se em um embate turbulento, que girou ainda em torno de menções a satanismo, canibalismo e pedofilia. Esse cenário conflituoso levou a uma intensa atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar coibir e punir eventuais irregularidades.
Relembre os destaques campanha de segundo turno e os principais pontos da disputa:
Declarações de apoio – houve grande engajamento de artistas, atletas e influencers que, no passado, não costumavam declarar votos; ex-adversários políticos de Lula ou de Bolsonaro também se manifestaram (em certos casos, discretamente), como Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Sergio Moro (União Brasil).
“Pintou um clima” – uma declaração de Bolsonaro sobre adolescentes venezuelanas que ele abordou durante um passeio de moto no DF gerou críticas e indignação; o presidente descreveu: “Pintou um clima, voltei. [Perguntei]: ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei. […] E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumado no sábado para quê? Ganhar a vida”.
Luta contra abstenção – além de pedir votos, os dois candidatos fizeram campanha contra a abstenção no segundo turno, após o índice recorde no primeiro, quando mais de 30 milhões de eleitores deixaram de votar; agora, mais de 300 cidades e todas as capitais do país devem oferecer passe-livre no transporte público no dia da votação.
“Guerra santa” – as campanhas começaram com publicações associando Lula a satanismo e o Bolsonaro a maçonaria; depois, ocorreram atos em igrejas e templos, onde houve discussões e brigas.
Assédio eleitoral – em outubro, dispararam as denúncias de assédio eleitoral em empresas; a prática, que é ilegal, consiste na tentiva de influenciar o voto de empregados por meio de ameaças, coação e promessas de benefícios.
Guerra suja de fake news – o conflito nas redes sociais agravou-se consideravelmente no segundo turno, com candidatos e apoiadores trocando acusações e levantando conteúdos falsos ou sensacionalistas.
TSE contra fake news – para tentar controlar a avalanche de fake news, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mandou retirar conteúdos das duas campanhas e aceitou centenas de pedidos de direito de resposta; e também abriu investigação contra uma rede de desinformação bolsonarista.
Prisão de Roberto Jefferson – aliado de Bolsonaro, o ex-deputado federal reagiu com tiros de fuzil e granadas a policiais federais que, no domingo (23), foram cumprir um mandado de prisão contra ele; o presidente repudiou a ação e tentou se desvincular do ex-parlamentar.
Poucos debates, muitos podcasts – ao longo da campanha, os dois candidatos privilegiaram entrevistas a podcasts de grande audiência, como Flow e Inteligência Ltda.
Batalha nas redes – numa única semana de outubro, Bolsonaro gastou R$ 15 milhões em propagandas no YouTube (quatro vezes mais que o adversário); pelo lado de Lula, o deputado federal e influencer André Janones ajudou o PT a aumentar a presença do partido nas redes e a reagir no campo da batalha digital, que nos últimos anos vinha sendo domindo por bolsonaristas.
Economia – no fim da campanha, veio à tona uma proposta, ainda em estudo no governo Bolsonaro, para desvincular o reajuste do salário mínimo e aposentadorias do índice de inflação do ano anterior; já Lula divulgou uma carta na qual propôs o retorno do Bolsa Família e falou em aumentar a faixa de isenção do imposto de renda.
Inserções no rádio – um dia após a tumultuada prisão de Roberto Jefferson, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, exibiu um relatório no qual alegou que rádios deixaram de veicular ao menos 154 mil inserções da campanha de Bolsonaro; pelo TSE, Alexandre de Moraes apontou inconsistências no documento; líderes bolsonaristas mantiveram o assunto em alta nas redes e passaram a defender o adiamento das eleições, numa nova escalada golpista.
Estabilidade nas pesquisas – apesar do noticiário intenso e de muita discussão nas ruas e nas redes, as pesquisas de intenção de voto ficaram estáveis durante as quatro semanas de campanha do segundo turno.