Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de novembro de 2025
	
			
O Brasil emitiu 2,145 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO₂e) em 2024, o que representa uma queda de 16,7% nas emissões brutas de gases do efeito estufa em relação ao ano anterior, quando o total foi de 2,576 GtCO₂e. Considerando as emissões líquidas — que descontam a captura de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas —, a redução foi ainda maior, de 22%.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (3) pela rede Observatório do Clima, na 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), que analisa cinco grandes setores: mudança de uso da terra, agropecuária, energia, processos industriais e resíduos.
Segundo o levantamento, a redução registrada em 2024 foi a maior dos últimos 16 anos e a segunda mais expressiva desde o início da série histórica, em 1990.
Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o resultado fortalece a imagem do país às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começa em 10 de novembro.
“Dificilmente teremos dentro do G20, ou entre os dez maiores emissores, países chegando à COP30 com uma redução total de emissões como essa que estamos apresentando agora”, afirmou.
Setores e biomas
Do total emitido em 2024, 42% vieram da mudança de uso da terra, 29% da agropecuária, 20% do setor de energia, 5% de resíduos e 4% de processos industriais.
O setor de mudança de uso do solo segue como o maior responsável pelas emissões brasileiras, com 906 milhões de toneladas de CO₂e, sendo 98% decorrentes do desmatamento.
De acordo com Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o setor tem apresentado redução consistente desde 2022, acompanhando o controle maior sobre o desmatamento. “No último ano tivemos a maior queda nas emissões brutas, de 32%”, destacou.
A Amazônia foi o bioma que registrou a maior redução absoluta, com queda de 41% nas emissões. O Cerrado reduziu 20%, e o Pantanal teve o recuo proporcional mais expressivo, de 66%. Em contrapartida, o Pampa foi o único bioma a registrar aumento, com alta de 6% nas emissões.
Na agropecuária, as emissões caíram 0,7%. Já os demais setores apresentaram leve crescimento: 0,8% em energia, 2,8% em processos industriais e 3,6% em resíduos.
Estados com maior redução
Entre os Estados, Rondônia (-65%), Pará (-44%) e Mato Grosso (-44%) lideraram as reduções nas emissões brutas. Apenas Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe registraram aumento em 2024 na comparação com o ano anterior.
Emissões líquidas
Ao considerar as remoções de carbono por áreas protegidas e florestas secundárias, o total de emissões líquidas brasileiras foi de 1,49 GtCO₂e em 2024. Nesse recorte, o setor de uso da terra teve queda de 64%, passando de 685 milhões para 249 milhões de toneladas de CO₂e entre 2023 e 2024.
Com essa redução, o setor passou a ocupar o segundo lugar em emissões líquidas no país, respondendo por 17% do total, enquanto a agropecuária assumiu a liderança, com 42% da poluição líquida nacional.
(Agência Brasil)