Domingo, 29 de junho de 2025

Brasileira da Indonésia morreu no Monte Rinjani: quem é responsável pela segurança dos montanhistas? Entenda

A família da brasileira Juliana Marins, que caiu e morreu no Monte Rinjani, na Indonésia, acusa as equipes de resgate do país de “negligência grave”.

“Se a equipe tivesse conseguido chegar até ela no tempo estimado de 7 horas, Juliana ainda estaria viva. Juliana merecia mais”, diz a família no perfil do Instagram @resgatejulianamarins. “Agora buscaremos justiça para ela, porque é isso que ela merece.”

O corpo de Juliana Marins foi retirado de uma ravina no Monte Rinjani na quarta-feira (25).

Uma autópsia realizada em Bali diz que a causa da morte de Juliana foi um trauma contundente, resultando em danos a órgãos internos e hemorragia. O médico legista indonésio estima que a morte de Juliana ocorreu em torno de 20 minutos após ela sofrer os ferimentos.

Mas observa que é difícil determinar a hora exata da morte devido a vários fatores, incluindo a transferência do corpo da ilha de Lombok, onde se localiza o Monte Rinjani, para Bali dentro de um freezer –uma viagem que levou várias horas.

No entanto, segundo o legista Ida Bagus Alit, responsável pela autópsia, a publicitária teria morrido entre 1h e 13h da quarta-feira (25/6), no horário local — o que equivale a entre 14h de terça-feira (24/6) e 2h de quarta-feira, no horário de Brasília.

Na Indonésia e no Brasil, surgiram questionamento sobre de quem teria sido a responsabilidade pela segurança de Juliana no vulcão.

Gestão do Parque Nacional do Monte Rinjani

O Parque Nacional do Monte Rinjani é administrado pelo Escritório do Parque Nacional do Monte Rinjani, que faz parte do Ministério do Meio Ambiente e Florestas da Indonésia.

O órgão emite licenças para montanhistas, escaladores, guias e operadores turísticos.

Para garantir a segurança dos indivíduos, o Parque Nacional também emite procedimentos operacionais padrão para escalada e caminhada em trilhas, que devem ser seguidos por operadores, guias, montanhistas e escaladores.

As normas estabelecem, por exemplo, que os montanhistas devem ser acompanhados por um guia local.

Cada guia pode acompanhar um grupo de escaladores e montanhistas composto por no máximo seis pessoas.

Para Royal Sembahulun, presidente do Fórum de Turismo do Círculo Rinjani, esse número é excessivo. Ele diz que, em um terreno de escalada tão difícil quanto o Monte Rinjani, é preciso da ajuda de outro guia para acompanhar cinco montanhistas. Um guia na frente e outro atrás do grupo.

“Parece que o procedimento operacional padrão precisa ser revisado. O padrão adequado não é uma pessoa acompanhando seis pessoas. Mas sim seis pessoas acompanhadas por dois guias “, disse Royal.

Royal diz que o Parque Nacional é responsável quando há relatos de incidentes–e é o parque quem coordena os esforços de resgate.

Autoridades da Indonésia avaliam revisar os procedimentos após o incidente envolvendo Juliana Marins.

O Ministério das Florestas indonésio declarou: “A investigação se concentrará no aspecto da segurança para os montanhistas, por exemplo, repassando as regras relativas à proporção/comparação do número de guias e carregadores em relação ao número de montanhistas acompanhados.”

Operador turístico

O site oficial do Parque Nacional do Monte Rinjani afirma que há 190 operadores com licenças de turismo de natureza no Parque Nacional–179 dos quais são titulares de licenças para o tipo de turismo de montanhismo. A maioria das licenças de turismo de natureza é detida por indivíduos (187 pessoas).

Esses operadores trabalham em estreita colaboração com guias locais no campo.

Mustaal, que é cofundador da operadora turística Lombok Explorer, explica que os operadores não apenas nomeiam guias em campo.

“Nós, como [operadores], também não ousamos entregar nossos hóspedes a guias cuja experiência desconhecemos. E nós mesmos treinamos os guias”, disse ele.

Os montanhistas devem ser acompanhados por guias locais durante a escalada.

Segundo Rahman Mukhlis, presidente da Associação de Guias de Montanha da Indonésia, esse “contrato” entre clientes e operadores é algo que os consumidores devem prestar atenção.

“Normalmente há um contrato, certo? Então, ele compra um pacote de escalada para o Monte Rinjani, por exemplo. O preço é maior conforme as facilidades oferecidas. Por exemplo, há mais guias, as instalações são mais confortáveis, há seguro – isso tudo deve estar no contrato.”

Rahman Mukhlis tem uma operadora de turismo em Jacarta. Quando um cliente solicita a escalada do Rinjani, Mukhlis geralmente trabalha com um operador ou guia local, conforme exigido pela administração do Parque Nacional.

Em caso de emergência, as operadoras, diz ele, devem ajudar as famílias a obter seus direitos junto à seguradora.

“A maioria dos prestadores de serviços de turismo oferece serviços de seguro. Por exemplo, se houver um acidente ou algo assim, nós ajudaremos a cuidar disso até que consigamos os serviços do seguro. Essa é a responsabilidade”, diz Mukhlis.

Guias

Royal afirma que os guias de campo são os maiores responsáveis pela segurança dos escaladores.

Por isso, os guias recebem mais.

“Incidentes podem acontecer com qualquer pessoa. No entanto, se um acidente ocorrer devido à negligência da pessoa que o acompanha em campo, o guia deve ser o principal responsabilizado.”, disse. As informações são da Folha de S. Paulo.

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