Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 12 de março de 2024
O designer de interiores Henrique Cidreira, de 36 anos, era um dos dois brasileiros que estavam no voo da Latam entre a Austrália e a Nova Zelândia que sofreu uma súbita perda de altitude na segunda-feira (11).
O voo LA800 fazia a rota entre Sydney (Austrália) e Santiago (Chile), com uma escala em Auckland (Nova Zelândia), e levava 263 passageiros e nove tripulantes.
Durante o trecho entre a Austrália e a Nova Zelândia, o Boeing 787 “despencou”, disse Henrique, fazendo com que as pessoas fossem lançadas ao teto da cabine e no chão.
A Latam afirmou que houve uma “forte movimentação” e que as causas estão sob investigação. A aeronave pousou em Auckland às 16h26 (0h26 em Brasília) de segunda.
As autoridades de aviação do Chile e da Nova Zelândia irão investigar o incidente.
Henrique afirma ter voado do assento no momento em que avião despencou. Ele afirma que foi atirado para o alto e caiu no corredor entre as poltronas.
“Em um piscar de olhos caí duas cadeiras para trás”, disse ele, que estava sem o cinto de segurança. A aeronave estava em voo de cruzeiro, em que o aviso de cintos costuma estar apagado.
Durante o tempo em que o avião teve uma queda súbita, Henrique afirmou ter tido a impressão de que a aeronave iria cair.
Henrique mora na Austrália e não vem ao Brasil há dois anos. O voo que ele e o companheiro pegaram era parte do caminho para o Brasil
“A queda foi repentina. De repente, as pessoas que estavam sem cinto foram lançadas para o ar, bateram no teto e, então, caíram. Muitas bateram a cabeça, se cortaram, havia gente sangrando, muito olho roxo, uma moça trincou duas costelas”, diz o homem.
“Silêncio”
O incidente todo foi rápido, de acordo com ele:
“Não durou nem cinco segundos. Foi algo muito repentino, demorou segundos, e então o avião estabilizou. Nesse momento, parecia que o avião estava desligado, porque ficou um silêncio, mas o voo continuou”.
Henrique conta que os passageiros ficaram em pânico.
“Eu estava no chão, preso entre as cadeiras no corredor, com as pernas para cima. Meu companheiro estava no banco, ele me ajudou e eu voltei para o meu assento. Foi um pânico. Até agora não temos noção do que aconteceu”, afirma ele.
Henrique descreve a experiência como traumática, e os passageiros, segundo ele, ainda estão sem respostas sobre o que aconteceu. O designer de interiores contou que o piloto não falou nada após a perda de altitude.
A maioria dos passageiros voltou aos seus assentos e colocou os cintos, porque não sabiam se o avião enfrentaria uma segunda situação como essa.
“As aeromoças pediam para que as pessoas que tinham cinto de roupa, a peça emprestada para fazer tala no braço de uma pessoa, pediam medicação para dor para dar para quem estava ferido. Era gente demais ferida. Elas fizeram o melhor que puderam, mas não conseguiam ajudar todo mundo. As crianças choravam, gritavam”, ele afirma.
Henrique diz que a situação só ficou tranquila quando o avião pousou. “Nesse momento, as pessoas bateram palma porque estávamos no chão”, diz.
Feridos
A Latam disse que 13 pessoas foram levadas a um hospital, e que ninguém corre risco de morte. Entre eles, estão três membros da tripulação e 10 passageiros: os dois brasileiros, um francês, quatro australianos, um chileno e dois neozelandeses.
A companhia aérea não informou o estado de saúde de cada um: disse apenas que a maioria dos feridos já recebeu alta. Há um tripulante e um passageiro com “lesões que exigem mais atenção, mas sem risco”.
A Latam informou ainda que está trabalhando com as autoridades competentes para dar apoio às investigações.
Um avião pode mudar de altitude subitamente em razão, por exemplo, de uma turbulência ou da necessidade de descida rápida por uma descompressão. A Latam não informou as causas do incidente.
Segundo a empresa, um “evento técnico” causou um forte movimento do Boeing 787 que fazia o voo. Apesar do incidente, o pouso ocorreu dentro do horário programado.
De acordo com o site Flightradar24, que monitora voos em todo o mundo, “não houve perda significativa de altitude durante o voo”. “[Esse episódio] serve para mostrar que o mais seguro é manter os cintos de segurança afivelados durante o voo enquanto se está sentado”, informou o site em sua conta no X (antigo Twitter).