Quarta-feira, 08 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de outubro de 2025
A Justiça da Argentina condenou Fernando Sabag Montiel a 10 anos de prisão e Brenda Uliarte a 8 anos de prisão pelo ataque a Cristina Kirchner, ocorrido em 1º de setembro de 2022.
O brasileiro, que disparou a poucos centímetros da então vice-presidente e depois confessou querer matá-la, foi considerado culpado pelo Tribunal pelo crime de tentativa de homicídio agravado pelo uso de arma de fogo.
Já Brenda, que era sua mulher e estava presente na noite do ataque fracassado em Recoleta, foi condenada como participante necessária do mesmo crime.
O terceiro envolvido, Nicolás Carrizo, sobre quem não pesava nenhuma acusação, foi absolvido pela Corte. A pena de Sabag Montiel foi unificada com uma condenação anterior de quatro anos e três meses por posse e distribuição de material de abuso sexual infantil. Ele foi condenado a um total de 14 anos de prisão.
O veredicto foi lido pela presidente do Tribunal, Sabrina Namer, que estava acompanhada por seus colegas, os juízes Ignacio Fornori e Adrián Grünberg. Os condenados receberam a sentença sem sobressaltos, cercados por uma escolta que foi reforçada especialmente para a leitura da pena. Isso aconteceu algumas horas depois de os acusados terem proferido suas últimas palavras pela manhã.
Sabag Montiel, o primeiro a falar, apresentou um relato confuso, no qual comparou o caso à morte do promotor Alberto Nisman e sugeriu, indiretamente, que algo poderia acontecer com ele após a condenação. Ele também teceu hipóteses próprias sobre os fatos e disse que o caso foi “montado”.
“Basicamente, o que quero esclarecer é que este caso foi armado. Que plantaram uma arma e que Carrizo quer mudar de defensor quando foi [Gastón] Marano [seu advogado] quem plantou a arma e, basicamente, é uma estratégia que Cristina Kirchner vem usando, assim como se repetiu com o promotor Alberto Nisman — começou. — A mesma estratégia que impuseram a Diego Lagomarsino, usando uma pessoa do círculo de Nisman para confundir e não levantar suspeitas”, disse.
Com isso, ele deu a entender que uma pessoa como Nisman não precisava se suicidar e tinha uma arma própria, uma 9 milímetros, que ele poderia ter usado se quisesse.
A juíza o interrompeu e advertiu que ele deveria restringir sua declaração aos fatos investigados neste caso. Sabag Montiel, no entanto, insistiu em ampliar seu depoimento na mesma linha, mencionando, em um relato confuso e desconexo, a juíza María Servini e o promotor Carlos Rívolo — ambos envolvidos no processo —, além de citar Santiago Maldonado, outros vendedores de algodão-doce, o ex-deputado Gerardo Milman — investigado em um caso paralelo — e até o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Todos sabemos que [Lula] foi visitar Cristina e pediu expressamente e pessoalmente que ela se encarregasse da minha situação”, afirmou.
“Chega, não quero mais falar, já disse o necessário.”
Fernando Andrés Sabag Montiel, um brasileiro de 35 anos, apontou arma para Cristina, mas disparo teria falhado
Uliarte, por sua vez, optou por não falar antes do veredicto. Carrizo, por outro lado, que ficou preso durante todo o processo, mas teve as acusações contra ele retiradas pela acusação e pela promotoria, referiu-se à sua situação pessoal.
“Acho um pouco injusto que as pessoas sejam presas e tenham que esperar tanto tempo para chegar a um julgamento e só então, a essa pessoa, por assim dizer, digam: ‘ah, bem, você já pode ir embora em liberdade’”, disse. —
Os fundamentos da condenação serão divulgados em 9 de dezembro. Os advogados de defesa trabalharão nesses eixos em seus recursos de apelação.