Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 21 de abril de 2022
O brasileiro Ricardo César Guedes, de 49 anos, se declarou culpado nesta quinta-feira (21) de ter obtido documentos no nome de um americano que morreu em 1979. Guedes foi processado pela Justiça dos Estados Unidos no Estado do Texas.
Como o brasileiro já ficou preso por quase sete meses, agora ele será libertado e monitorado por um ano. Depois desse período, ele provavelmente será deportado.
De acordo com informações do jornal “Houston Chronicle”, Guedes, nascido em São Paulo, conseguiu documentos, emprego, empréstimo, uma casa, um carro da marca BMW e um certificado de casamento no nome de William Ericson Ladd. A farsa durou mais de 20 anos.
Como Guedes trabalhava como comissário de bordo, a Justiça considerou que ele poderia fugir, e não permitiu que ele aguardasse o julgamento em liberdade.
Segundo o jornal, o brasileiro disse à Justiça que sente muito pelo crime que cometeu, e que ele sabia que o que ele fazia não era certo. Guedes afirmou também que não quis prejudicar ninguém, mas, sim, tentar um espaço no mercado de trabalho.
O juiz afirmou que acredita em Guedes, que teria mostrado um verdadeiro arrependimento. “Um bom homem que basicamente cometeu um erro muito trágico para perseguir seu sonho”, descreveu o magistrado George Hanks Jr.
A defensora pública que representou o brasileiro, Victoria Gilcrease-Garcia, contou a história de Guedes.
Segundo ela, ele é filho único de uma família pobre. Seus pais tinham padarias que faliram. Ele sofreu de depressão e de transtorno bipolar por se sentir alienado como um jovem gay nos anos 1980.
A defensora afirmou ainda que ele se empenhou em aprender línguas (segundo ela, ele fala inglês, espanhol, alemão, holandês e árabe). Ainda assim, foi rejeitado pelas companhias aéreas brasileiras. Guedes disse que não conseguiu emprego como comissário de bordo no Brasil por ser muito velho e por não ter uma beleza clássica. Ele contou que nos Estados Unidos o setor aéreo aceita mais homens gays.
Guedes entrou no país com um visto de turista. Ele ficou mais tempo do que a autorização permitia e começou a trabalhar em uma pizzaria. Nesse local, um supervisor ofereceu ajuda com os documentos. Foi então que ele começou a usar os documentos de William Ericson Ladd.
As autoridades começaram a suspeitar de Guedes quando ele foi renovar o passaporte (os documentos eram estranhos; por exemplo, ele teria obtido o registro público mais comum nos EUA, o de seguridade social, apenas aos 22 anos).