Quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de setembro de 2025
A percepção de desinformação é maior, entre os brasileiros, em temas como eleição e política, e menor em assuntos da vida cotidiana, segundo estudo do InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social, divulgado nesta segunda-feira. O levantamento mostra que, diante da disseminação de notícias falsas, os brasileiros não se limitam a receber informações passivamente e passam a checar, selecionar e compartilhar conteúdos dentro de redes de confiança formadas por familiares, amigos e influenciadores.
A pesquisa “Vetores e implicações da desordem informacional na América Latina” realizou 6.065 entrevistas no Brasil e em outros 18 países em julho de 2024, com margem de erro de três pontos percentuais. O estudo revela que 37% dos brasileiros acreditam que quase tudo o que se divulga sobre eleições é falso. Em política, a taxa cai para 27%, e em temas do cotidiano, como preços de alimentos, para 11%.
Segundo Ester Borges, consultora de desinformação do InternetLab, a confiança em assuntos diários é maior por estarem ligados a ciclos íntimos. O cenário também reflete a desconfiança histórica em relação a governos na América Latina.
O levantamento mostra que jornalistas e especialistas são referências, mas familiares e amigos têm peso maior no Brasil do que em outros países da região. Aqui, 24% confiam na família e 17% em amigos, contra 18% e 12% na média latino-americana. Outros 15% dizem confiar em si mesmos.
A moderação das plataformas também influencia: 70% dos brasileiros afirmam não compartilhar conteúdos rotulados como falsos. Além disso, 64% apontam o Google como principal fonte de informação, à frente de Instagram (54%), YouTube (45%) e Facebook (23%).
O estudo indica que 77% dos brasileiros utilizam mais de uma fonte para se informar. Entre os que veem notícias pela primeira vez em redes sociais ou aplicativos de mensagens (59%), quase metade (48%) busca checar em outras fontes digitais. Outros 22% recorrem à TV ou ao rádio, enquanto 30% não verificam em lugar nenhum. Quando a notícia chega pela TV, rádio ou sites, a maioria também procura complementação.
Na comparação regional, o Brasil mostra diferenças e semelhanças. Em comum com outros países da América Latina, há a consolidação de ecossistemas de validação, que colocam o usuário como agente ativo na checagem. Mas há contrastes: no México, por exemplo, 69% compartilham notícias pelo Facebook, quase o dobro da taxa brasileira (31%). Já no Brasil e no Cone Sul, o YouTube se destaca, enquanto na América Central e no Caribe cresce o peso do TikTok.
(O Globo)