Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 21 de outubro de 2025
Em movimento estratégico para ampliar a capacidade de financiamento dos bancos regionais de desenvolvimento, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) participou, no dia 20 de outubro, de uma reunião decisiva com o Banco Central do Brasil (BCB), em Brasília. O encontro, promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), reuniu representantes de instituições financeiras de fomento para discutir a ampliação do limite de emissão das Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCDs), instrumento criado em 2024 para diversificar as fontes de captação de recursos de longo prazo.
O diretor-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, liderou a articulação junto ao diretor de Regulação do Banco Central, Gilneu Vivan. Também participaram o presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Gabriel Viegas, o vice-presidente da ABDE e diretor do Banco do Brasil, Euler Mathias, e o diretor executivo da ABDE, André Godoy.
As LCDs representam um marco na modernização do crédito de fomento. O BRDE foi pioneiro na emissão do título e, em junho de 2025, já havia atingido o limite autorizado de R$ 292,2 milhões. Atualmente, o teto para emissão por bancos subnacionais é de aproximadamente R$ 470 milhões — o equivalente a 6,5% do patrimônio líquido de cada instituição. Em contraste, o BNDES possui autorização para emitir até R$ 10 bilhões.
“A ampliação do limite é fundamental para que os bancos regionais possam continuar financiando projetos estratégicos em áreas como infraestrutura, inovação e sustentabilidade. Rever esse teto é reconhecer o papel dos bancos subnacionais no equilíbrio do sistema de fomento nacional”, afirmou Ranolfo Vieira Júnior.
A proposta apresentada ao Banco Central inclui a flexibilização dos limites nominais e a revisão do percentual sobre o patrimônio líquido, com vistas a ampliar o impacto econômico e social das LCDs. A rápida absorção do instrumento pelo mercado demonstra sua eficácia como alternativa de captação, especialmente em um cenário de restrição fiscal e necessidade de investimentos estruturantes.
Além da ampliação dos limites, foram debatidos temas relacionados à Resolução nº 4.966 e ao financiamento ao setor público. O BRDE defende maior autonomia para operações com estados e municípios, especialmente em projetos voltados à transição energética, saneamento básico, mobilidade urbana e infraestrutura social. A revisão da regulação permitiria maior alcance dos bancos regionais em áreas prioritárias, com impacto direto na geração de emprego, renda e inclusão produtiva.
A ABDE, que representa mais de 30 instituições do Sistema Nacional de Fomento (SNF), tem atuado como interlocutora junto ao governo federal para aprimorar o marco regulatório e garantir maior eficiência na alocação de recursos públicos e privados. A reunião com o Banco Central reforça esse compromisso e sinaliza avanços na construção de um ambiente mais favorável ao crédito de desenvolvimento.
Com mais de seis décadas de atuação, o BRDE é referência em crédito para o desenvolvimento no Sul do Brasil. A liderança na emissão das LCDs e a articulação junto ao Banco Central reafirmam o protagonismo da instituição na construção de soluções financeiras inovadoras e sustentáveis para os desafios regionais. (Gisele Flores – giro@pampa.com.br)