Terça-feira, 12 de agosto de 2025

Brigado com Bolsonaro, Romário ignora ex-presidente e vira alvo de pressão de aliados

Brigado com o ex-presidente Jair Bolsonaro desde a eleição de 2022, o senador Romário (PL-RJ) vem ignorando a ofensiva do bolsonarismo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem o Senado como palco estratégico.

Romário foi o único senador eleito pelo PL que não apoiou pedidos de impeachment de Moraes, e se irritou ao virar alvo de cobranças do entorno de Bolsonaro. Aliados avaliam que a relação do senador com a direita bolsonarista está “inviabilizada”.

Entre os 14 senadores do PL, Eudócia Caldas (AL) também não endossou a proposta. Ela, porém, era do PSB e migrou para a sigla de Bolsonaro durante o mandato, em um acordo local que envolveu o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), seu filho — a dupla avalia deixar o PL e voltar ao PSB.

No caso de Romário, aliados afirmam que, apesar da péssima relação com o bolsonarismo, o senador mantém bom diálogo com outros caciques do PL, como o governador do Rio, Cláudio Castro, e o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto.

Após uma série de ruídos, a relação entre Romário e Bolsonaro desandou de vez no primeiro turno da eleição de 2022, quando o então presidente sinalizou apoio à candidatura de Daniel Silveira (PTB) ao Senado.

Silveira, que estava inelegível, obteve mais de 1,5 milhão de votos, o que dificultou a reeleição de Romário. O ex-jogador conseguiu 2,3 milhões de votos, metade do que havia obtido na sua primeira eleição ao Senado, em 2014.

Reservadamente, uma pessoa próxima a Romário afirma que o senador nunca digeriu o que enxerga como uma atitude “dúbia” de Bolsonaro na ocasião, e por isso “ninguém espera que ele atue pelo impeachment” de Moraes.

Em nota publicada nas suas redes sociais, sem citar diretamente as cobranças para entrar na ofensiva contra o STF, Romário afirmou já ter enfrentado “pressão muito maior” e disse não dever “nada a ninguém”.

“Inventar mentiras sobre mim e ainda perturbar a minha família não vai me afetar. Estou bem, com saúde e tranquilo”, escreveu o senador.

O entorno de Romário avalia que ele ficou ainda mais incomodado com o ex-presidente após os ataques de bolsonaristas nas redes sociais. Desde a semana passada, publicações do senador no Instagram foram inundadas de comentários cobrando apoio ao impeachment de Moraes e chamando-o de “traidor” de Bolsonaro, que teve prisão domiciliar decretada pelo ministro no último dia 4.

Nesse período, Romário praticamente não se manifestou sobre temas relativos ao Senado, e usou as redes sociais para publicar fotos e vídeos jogando futebol. Na publicação em que fez referência às cobranças de bolsonaristas por um posicionamento, o senador demarcou distância de Bolsonaro e disse nunca ter mantido fotos com o ex-presidente em seu perfil.

Nos dias anteriores, aliados de Bolsonaro vinham vocalizando o incômodo com o senador. Filho mais novo do ex-presidente, o vereador de Balneário Camboriú (SC) Jair Renan usou uma rede social para perguntar a Romário se ele continuaria “vivendo do gol de 94”, em referência ao tetracampeonato mundial com a Seleção Brasileira, ou se apoiaria o impeachment de Moraes para “brilhar de novo”. Em entrevista a uma rádio, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também aconselhou Romário a assinar o pedido contra Moraes para “marcar um gol de placa”.

Nos cálculos de aliados de Bolsonaro, 41 dos 81 senadores já sinalizaram apoio a um pedido de impeachment contra Moraes. Para aprovar o pedido, no entanto, é necessário o apoio de 54 senadores. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), já declarou, porém, que independente do número de assinaturas, não pautará a matéria.

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