Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de novembro de 2025
O uso das redes sociais tem começado cada vez mais cedo – e, junto com ele, cresce a necessidade de exposição. Vídeos, fotos e desafios se tornam parte do cotidiano de crianças e adolescentes que, muitas vezes, ainda não estão emocionalmente preparados para lidar com os impactos dessa visibilidade. A pressão por aceitação e o desejo de pertencimento fazem com que a vida online se torne, para muitos, uma extensão da própria identidade.
Segundo a psicóloga Alice Araujo, especialista em Ansiedade, a dinâmica digital atual cria um ciclo de comparação e aprovação que pode afetar diretamente a autoestima dos mais jovens. “As redes sociais estimulam a validação constante. Quando um adolescente posta algo e recebe curtidas e comentários positivos, há uma sensação imediata de recompensa. O problema é quando a validação externa passa a definir o próprio valor – e o silêncio das redes é sentido como rejeição”, explica.
Pela perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental, esse comportamento está ligado a pensamentos automáticos e crenças sobre aceitação e pertencimento. “Muitos jovens passam a pensar: ‘só sou importante se os outros me aprovarem’. Isso os leva a comportamentos de exposição excessiva, reforçando ainda mais a dependência da validação digital”, acrescenta.
Essa busca constante por aprovação pode gerar ansiedade, frustração e dificuldade na construção da identidade fora do ambiente virtual. Para Alice, quando a rotina gira em torno do olhar do outro, o autoconhecimento enfraquece e a fragilidade emocional aumenta. A psicóloga explica que a autoestima passa a oscilar conforme o desempenho das publicações, criando uma relação de dependência emocional com o ambiente digital.
Alice destaca ainda a importância do diálogo familiar e do exemplo dos adultos. “Proibir o uso das redes não é o caminho. O ideal é acompanhar, conversar e ensinar sobre limites, privacidade e responsabilidade digital. As crianças aprendem mais com o exemplo do que com as regras – se os pais também vivem em função das redes, essa lógica se repete”, orienta.
Ela recomenda atenção aos sinais de alerta: mudanças de humor após o uso das redes, queda no rendimento escolar, irritabilidade e isolamento podem indicar que algo não vai bem. A busca por apoio psicológico, nesse cenário, pode ser essencial para fortalecer a autoconfiança, reorganizar hábitos e promover uma relação mais saudável com o ambiente virtual.