Domingo, 27 de julho de 2025

Calor extremo acelera o envelhecimento biológico, diz estudo

O calor extremo sufocante causa um grande impacto em nossos corpos. Pode provocar náuseas, tonturas e desidratação, além de ter efeitos nocivos na saúde de múltiplos órgãos. Mas há outro impacto, menos conhecido, do calor extremo: ele nos faz envelhecer mais rápido.

A exposição prolongada a temperaturas elevadas pode causar a deterioração de nossas células e tecidos e acelerar o envelhecimento biológico, de acordo com um novo e crescente corpo de pesquisas.

A idade cronológica refere-se ao tempo de vida de uma pessoa, mas a idade biológica — ou “epigenética” — mede o quão bem nossos tecidos e células funcionam. A diferença entre as duas explica por que, às vezes, a idade de alguém não parece corresponder à sua saúde e vitalidade.

Uma idade biológica acelerada é um alerta para o risco futuro de início precoce de doenças como câncer, demência e diabetes, e morte prematura, disse Jennifer Ailshire, professora de gerontologia e sociologia na Escola de Gerontologia Leonard Davis da Universidade do Sul da Califórnia.

À medida que as mudanças climáticas forçam as pessoas a suportar ondas de calor cada vez mais severas e duradouras, os cientistas afirmam que há uma urgência em entender melhor as maneiras como o calor está, lenta e silenciosamente, minando a saúde humana em nível celular.

Nosso DNA é definido no nascimento; é o modelo de como o corpo funciona e não pode ser alterado. No entanto, a forma como o DNA é expresso — a maneira como esse modelo é executado — pode ser afetada por fatores externos que desencadeiam modificações químicas que ativam ou desativam genes como um interruptor de luz.

Fatores externos que afetam esses interruptores incluem comportamentos, como tabagismo e falta de exercício, bem como fatores ambientais, como o calor.

O calor estressa o corpo, fazendo-o trabalhar mais para se resfriar, o que pode danificar as células. Embora um pouco de estresse térmico possa ser bom para o corpo, ajudando a aumentar a resiliência, a exposição prolongada sobrecarrega o corpo por longos períodos e pode ter consequências de longo prazo.

Pesquisas em animais apontaram fortes associações entre calor e envelhecimento acelerado, mas, até recentemente, havia muito poucos estudos que analisavam humanos.

Ailshire é uma das cientistas que tenta mudar isso. Ela e outra pesquisadora, Eunyoung Choi, publicaram a primeira pesquisa em escala populacional nesta área em fevereiro.

Elas analisaram amostras de sangue coletadas de um grupo de mais de 3.600 pessoas em todo os Estados Unidos, com 56 anos ou mais. Utilizaram ferramentas chamadas “relógios epigenéticos”, que capturam a forma como o DNA é modificado e fornecem uma estimativa da idade biológica. Em seguida, vincularam isso aos dados climáticos diários nos locais dos participantes nos anos anteriores à coleta das amostras de sangue.

Seus resultados, publicados em fevereiro, descobriram que pessoas que experimentaram pelo menos 140 dias de calor extremo por ano — quando o índice de calor, uma combinação de temperatura e umidade, estava acima de 32,2 °C — envelheceram até 14 meses mais rápido do que aquelas em locais com menos de 10 dias de calor extremo por ano.

Essa ligação entre calor e envelhecimento biológico permaneceu mesmo levando em conta fatores individuais como níveis de exercício e renda, embora o estudo não tenha analisado o acesso a ar-condicionado ou o tempo gasto ao ar livre.

A força da associação também foi significativa. Os resultados mostraram que o calor extremo teve o mesmo impacto no envelhecimento que o tabagismo ou o consumo excessivo de álcool.

Suas descobertas são apoiadas por outras pesquisas recentes. Um estudo de 2023 com mais de 2.000 pessoas na Alemanha descobriu que a exposição a médio e longo prazo ao calor estava ligada ao envelhecimento biológico acelerado. Os impactos foram particularmente pronunciados em mulheres, que podem ser mais vulneráveis ao calor, pois tendem a suar menos, o que dificulta o resfriamento. Pessoas com diabetes ou obesidade também apresentaram maior risco, segundo o estudo.

Os efeitos podem até começar antes do nascimento. Outro estudo, publicado em 2024, analisou o envelhecimento biológico acelerado em crianças no Quênia que foram expostas à seca enquanto fetos. Durante a gravidez, suas mães suportaram calor, além de desidratação e sofrimento emocional.

Esses fatores podem causar estresse em nível celular que precisa ser reparado, o que significa que menos energia está disponível para outras funções vitais, potencialmente levando ao envelhecimento acelerado, descobriu o estudo. O estresse térmico também pode reduzir o fluxo sanguíneo para o útero e a placenta.

(Com informações do portal de notícias CNN Brasil)

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