Quinta-feira, 24 de abril de 2025

Câmara: Lira deve se eleger, mas não terá mais o orçamento secreto

Na próxima quarta-feira (1º) serão eleitos os nomes que comandarão a Câmara dos Deputados e o Senado do Congresso Nacional. Na Câmara, Arthur Lira contabiliza quase 500 votos a favor de sua reeleição. Com os apoios tanto do PT de Lula quanto do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lira pode ser o presidente da Câmara com mais votos na história.

A previsão confirma o poder político de Lira, ainda que as ferramentas para perpetuá-lo sejam incertas: se garantir uma reeleição, o atual presidente da Câmara não terá mais o orçamento secreto como ferramenta. É o que explica Paulo Celso Pereira, editor executivo do jornal “O Globo”, do jornal “Extra” e da revista “Época”.

Em entrevista a Natuza Nery, Paulo Celso Pereira avalia as consequências políticas da eleições de quarta.

“Sem dúvida nenhuma, Arthur Lira sairá muito, muito forte dessa disputa. Agora, ele sai muito forte, só que sem o instrumento que ele usava nos últimos dois anos que era o orçamento secreto”, diz. “Resta saber agora qual vai ser o instrumento de poder que ele vai ter. Lula também é muito forte. É um líder muito popular [que] já esteve no cargo e tem uma base que ele tá construindo uma base aparentemente sólida.”

O jornalista avalia ainda que, uma vez que o Congresso eleito é “bastante conservador”, será difícil para Lula aprovar uma agenda progressista, embora tenha apoio quase consensual nas pautas reformistas.

Orçamento secreto

Lira voltou a defender as emendas de relator, conhecidas como orçamento secreto, mecanismo de distribuição de verbas com critérios pouco transparentes que foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para Lira, isso reduz a capacidade do governo de fidelizar a base no Congresso, já que a equipe de Lula não terá controle sobre o empenho e a execução das verbas.

“Esse governo inicia já com metade do orçamento municipalista [secreto] impositivos, de emendas individuais. Portanto, na minha visão, o governo que se inicia perdeu metade da sua mobilidade de conseguir a sua base no Congresso Nacional no que vai demandar muito mais trabalho”, afirmou Lira.

“O Orçamento do rp9 não era impositivo. Ou seja, só era cadastrado se o governo quisesse, empenhado se o governo quisesse, e pago se o governo quisesse”, disse.

Relação tranquila

O deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados e candidato à reeleição, afirmou nesta terça-feira (31) que tem uma relação “tranquila” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que críticas feitas a Lula no passado “nunca” foram pessoais.

“Nunca fiz críticas ao presidente Lula, nem pessoais, nem políticas. Eu as rebatia quando vinham críticas a respeito do Orçamento. Eu fazia isso de maneira muito clara. Nada na política interfere. No meu ponto de vista, eu não deixo que os problemas locais de Alagoas interfiram no discernimento do que é melhor para o país e para os partidos”, afirmou Lira.

 

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