Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Candidato da extrema direita à presidência francesa promete “reconquistar” o país

Em seu primeiro comício como candidato à presidência francesa neste domingo (5), o político de extrema direita Éric Zemmour exortou seus seguidores a “mudar o curso da história” e prometeu “a reconquista” da França, em referência ao nome oficial de seu movimento.

“Hoje são 15 mil! 15 mil franceses que desafiaram o politicamente correto, as ameaças da extrema esquerda e o ódio da mídia”, disse o candidato de 63 anos a seus apoiadores, que agitaram bandeiras francesas e gritaram “presidente Zemmour”.

“O desafio é imenso, se eu vencer, será o início da reconquista do país mais bonito do mundo”, prometeu o candidato, que passou meses construindo seu discurso sobre o repúdio à imigração e ao Islã, que, segundo ele, “ameaça o povo francês”. O candidato, que chegou com mais de uma hora de atraso, fez sua entrada triunfal no evento, sob uma envolvente trilha sonora.

“Ouviram dizer que sou um fascista, um racista, um misógino”, disse Zemmour, duas vezes condenado por incitação ao ódio racial e que agora se apresenta como uma pessoa perseguida por um “bando de políticos, jornalistas e jihadistas”.

“Há imigração por toda a parte e somos obrigados a conviver com ela”, lamenta Véronique, de 49 anos, desempregada e mãe de três filhos. Ela garante que espera por moradia social há 20 anos. “Mas são os imigrantes que vêm primeiro”, alega.

No sábado (5), a equipe de Zemmour revelou seu slogan oficial de campanha: “Impossível não é palavra do francês”, uma citação atribuída a Napoleão. Seu partido foi apresentado oficialmente neste domingo com o nome de Reconquista!

Propostas

Entre suas propostas para a imigração, Zemmour disse que quer acabar com o direito à reunificação familiar, abolir os benefícios sociais para não europeus, expulsar estrangeiros presos e tirar a dupla nacionalidade francesa de criminosos.

Todas essas medidas seriam aprovadas por referendo, segundo ele. “A vontade popular seria imposta ao Conselho Constitucional, aos tribunais europeus e aos tecnocratas em Bruxelas”, disse.

Para Zemmour, a única maneira possível para os imigrantes viverem na França é “assumindo” o modo de vida francês.

“A assimilação é uma opção exigente, mas é a única que nos permitirá recuperar a paz e a fraternidade. Se você, muçulmano, faz de cada francês seu irmão, você é um compatriota”, defendeu.

No plano econômico, Zemmour quer aliviar os impostos, facilitar a reindustrialização e acabar com o imposto sobre herança.

Outro dos eixos do seu discurso foi a educação, sobre a qual promete reforçar a matemática e as humanidades e “reimplantar o culto ao mérito”. “A escola será uma ferramenta de assimilação aos franceses. Vamos retirar pedagogos e ‘islâmicos-esquerdistas’ das escolas”, disse.

Empurra-empurra

Quando o candidato chegou, houve vários empurrões no imenso salão do Centro de Exposições de Villepinte, ao norte de Paris. Um grupo de ativistas do SOS Racismo, que realizou uma ação “não violenta”, foi agredido pelos participantes do comício, segundo a agência France Presse. Pelo menos dois deles ficaram feridos.

Um grande dispositivo de segurança cercou o local do comício e mais de uma centena de manifestantes contrários a Zemmour que protestavam contra o “racismo, negação e homofobia” do candidato foram dispersos pela polícia.

Horas antes, também houve uma manifestação em Paris contra o candidato presidencial. Segundo a polícia, o protesto reuniu 2,2 mil pessoas. Mas os organizadores (sindicatos, partidos e associações) afirmam que houve 10 mil participantes.

O comício é realizado apenas cinco dias depois que este escritor confirmou sua candidatura para as eleições presidenciais de 2022 com um vídeo de campanha repleto de retórica anti-imigração e terríveis alertas sobre o futuro do país.

Zemmour, buscando ultrapassar a líder histórica da extrema direita Marine Le Pen, conta com uma forte participação no domingo para mostrar que é um sério candidato a destronar o presidente centrista e liberal Emmanuel Macron.

Ele também quer angariar apoio entre os eleitores mais conservadores do tradicional partido de direita francês, Os Republicanos, que escolheu a moderada Valerie Pécresse para a disputa presidencial no sábado.

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