Segunda-feira, 04 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de agosto de 2025
A investida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) — cujo destino eleitoral para 2026 segue em aberto — dispute o Senado fora do Rio esbarra nas intenções políticas de aliados não apenas em Santa Catarina. A movimentação também pode deslocar pré-candidatos e provocar atritos se ocorrer no Espírito Santo ou em Roraima, estados onde o bolsonarismo tem força e que já foram aventados como opções para a candidatura de Carlos.
A possibilidade de um novo reduto eleitoral para o filho de Bolsonaro foi sinalizada no mês passado, quando o ex-presidente comunicou a aliados a chance de lançar o filho no pleito catarinense. Interlocutores do governador do estado, Jorginho Mello (PL), afirmam, no entanto, que ele também tem a prerrogativa de apontar um nome para disputar uma das cadeiras.
A falta de acordo sobre Carlos foi reiterada por Jorginho, na semana passada, em entrevista a um portal de notícias local assinado pela jornalista Karina Manarin. Na ocasião, o governador, que deve disputar a reeleição, expôs a possibilidade de eleições de outros estados abrigarem Carlos.
“Eu estou conversando com todo mundo, de sangue doce. Foi aventado de o Carlos Bolsonaro ir para o Espírito Santo, para Roraima ou para Santa Catarina, onde o bolsonarismo é muito forte e ele ganha, mas não tem nada de definitivo”, disse.
Arranjos locais
Na disputa capixaba, porém, o deputado Evair de Melo (PP) já avalia se lançar ao Senado. A candidatura, que só se tornaria definitiva entre março e abril, teria o aval de Bolsonaro.
— Tenho um convite e o apoio formal do presidente Bolsonaro, que tem dito que, se eu disputar o Senado, ele vai me apoiar. Ele está na minha campanha, o que eu já considero ótimo, e tem dito que a decisão é minha — afirmou.
Paralelamente, o senador Magno Malta (PL-ES), que também disputa os votos de Bolsonaro, trabalha pela candidatura de sua filha, Magda, que o acompanha em agendas no reduto eleitoral. Apelidada de Maguinha, a vice-presidente do PL Mulher no estado tem, segundo Malta, anuência do ex-presidente para disputar a cadeira ao lado do pai em 2026.
— Ela conta com o aval do ex-presidente. É o próprio Bolsonaro quem está conduzindo, de forma muito criteriosa, a articulação dos nomes do PL ao Senado. Essa é uma definição estratégica, que passa por ele — disse o senador, negando a existência de acordo para que Carlos concorra pelo estado.
Já em Roraima, uma das vagas que poderá entrar em disputa pertence ao senador Mecias de Jesus (Republicanos), que tende a concorrer à reeleição. No mesmo colégio eleitoral, contudo, o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ) desponta como opção.
Mesmo sendo do Rio, Helio mantém interlocução com integrantes da executiva estadual da sigla e já esteve na mira de uma representação protocolada no ano passado pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas após pedidos de reembolso feitos à Câmara, no valor de mais R$ 38,9 mil, por causa de viagens entre Rio e Boa Vista. Questionado sobre a possibilidade de se candidatar pelo estado, o deputado não respondeu.
Em Santa Catarina, Mello tem sinalizado o apoio à deputada Caroline de Toni (PL), próxima a ele, para uma das vagas ao Senado. Uma indicação de Carlos afastaria ainda a também deputada Júlia Zanatta (PL-SP), que já demonstrou intenção de concorrer.
— Bolsonaro me falou que seriam duas vagas do PL: uma escolhida por ele e outra pelo governador. Na minha cabeça, Carol de Toni seria escolhida pelo Jorginho, e o Carlos pelo ex-presidente — disse Zanatta. — Não está confirmado que será ele, mas existe a possibilidade. As informações são do portal O Globo.