Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de setembro de 2025
As empresas brasileiras estão aproveitando a rotação nas carteiras de investidores globais, impulsionada pelas incertezas comerciais e geopolíticas, para captar recursos no mercado de dívida externa e, com isso, alongar seus passivos. A estratégia busca se beneficiar de uma janela favorável para emissões internacionais, ao mesmo tempo em que mitiga riscos relacionados ao ambiente doméstico e à volatilidade externa.
Desde janeiro, emissores brasileiros — incluindo o Tesouro Nacional — levantaram US$ 19,7 bilhões por meio da emissão de títulos de dívida (bonds) no mercado internacional, número que já supera os US$ 19,5 bilhões captados ao longo de todo o ano passado. Além do contexto global, o comportamento recente dos juros norte-americanos tem contribuído para esse movimento.
A taxa do Treasury (título do Tesouro dos Estados Unidos) com vencimento em 10 anos, que serve como referência para o custo de captação no mercado internacional, tem oscilado nos níveis mais baixos desde abril. A redução nos rendimentos desses papéis tende a tornar as emissões de países emergentes, como o Brasil, mais atrativas para os investidores.
Com esse cenário, três empresas brasileiras foram ao mercado externo nesta semana. A Aegea, companhia do setor de saneamento, captou US$ 750 milhões em bonds sustentáveis, com compromissos ligados à gestão da água. A Vamos, empresa de locação de caminhões e máquinas pertencente ao Grupo Simpar, realizou uma emissão de US$ 300 milhões. Já a empresa de engenharia Oceânica captou US$ 150 milhões.
Segundo fontes do mercado, há outras companhias brasileiras em fase de preparação para acessar o mercado de dívida externa. Entre elas, está a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que avalia uma emissão a partir de US$ 500 milhões. Também estão no radar o BTG Pactual, a Prumo Logística e a Aura Minerals, que podem realizar operações nas próximas semanas.
Setembro marca a segunda maior janela de captação no mercado norte-americano, atrás apenas do mês de janeiro. Essa janela se abre tradicionalmente após o fim do verão no Hemisfério Norte e se estende até meados de outubro. O período é caracterizado por maior liquidez e apetite dos investidores institucionais por ativos de mercados emergentes.
O Tesouro Nacional foi o responsável por inaugurar a temporada atual de captações, com uma emissão de US$ 1,75 bilhão. Em seguida, a Petrobras foi ao mercado e levantou US$ 2 bilhões, enquanto a Suzano, do setor de papel e celulose, captou mais US$ 1 bilhão. (Com informações da Coluna do Broadcast de O Estado de S. Paulo)