Segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de setembro de 2025
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que investiga descontos ilegais em aposentadorias, vai ouvir nesta segunda-feira (15) Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”. Ele é considerado pelos investigadores um dos articuladores do esquema que desviou bilhões de reais do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
A informação foi confirmada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e pela defesa de Antunes. Anteriormente, a defesa havia afirmado que o “Careca do INSS” não compareceria após o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), facultar a ida ao colegiado.
O empresário foi convocado na condição de investigado e não terá obrigação de responder a todas as perguntas feitas pelos parlamentares, caso entenda que isso poderá incriminá-lo. Foram 14 pedidos de convocação para ouvi-lo.
“Estamos em contato com a defesa do suspeito e ele confirmou que deseja ir à CPMI para apresentar a versão que ele tem de todo esse escândalo, de todos os fatos que estão sendo divulgados”, afirmou Viana.
Sem citar nomes, o presidente da CPMI afirmou ainda que está em contato também com “outros envolvidos no recebimento do dinheiro, que também estão se predispondo a ir à CPMI”.
Conforme as investigações, o “Careca do INSS” seria um intermediário das associações: recebia os recursos debitados indevidamente e repassava parte deles a servidores do INSS ou familiares e empresas ligadas a eles. Já Camisotti é suspeito de ser um dos beneficiários finais. Ambos negam ilegalidades.
Quebra de sigilo
A CPMI já aprovou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do “Careca do INSS”. Ele é apontado pela Polícia Federal como facilitador do esquema de desvios em aposentadorias e pensões.
Segundo a PF, empresas ligadas a Antunes recebiam recursos de associações investigadas e depois os repassavam a pessoas ligadas às entidades ou a funcionários do INSS. O “Careca” teria movimentado R$ 53 milhões das associações e transferido ao menos R$ 9 milhões a funcionários do instituto.
A comissão foi criada em maio de 2025 depois de movimento da oposição, que conseguiu 241 assinaturas. Leia aqui os senadores e deputados que participaram.
Os descontos indevidos das aposentadorias estão sendo custeados pelo Tesouro Nacional. Ou seja, pelo pagador de impostos brasileiro. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tirou a despesa das regras do marco fiscal, sancionado em 2023 e que estabelece um teto de gastos.
Em julho, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli autorizou, em decisão, que o governo usasse crédito extraordinário para reembolsar as vítimas de fraudes. Lula editou uma MP (medida provisória) que permite gastos de R$ 3,3 bilhões sem que haja desrespeito à lei do arcabouço fiscal.