Segunda-feira, 01 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 1 de dezembro de 2025
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL-RJ) fez uma postagem na redes sociais comparando a soltura do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, com a manutenção da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O empresário foi solto na manhã de sábado (29) após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
“Por que soltaram Daniel Vorcaro e mantêm Jair Bolsonaro preso?”, escreveu o pré-candidato ao senado em Santa Catarina. Carlos criticou o que chamou de “sistema sem equilíbrio”.
A decisão que soltou Vorcaro foi tomada pela juíza federal Solange Salgado, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Bolsonaro está preso desde 22 de novembro na Superintendência da PF (Polícia Federal), em Brasília. Ele cumpre pena de 27 anos e 3 meses pela tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder depois da derrota nas urnas em 2022. Antes, estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto.
“Não se trata apenas de decisões judiciais, mas de um mecanismo político que opera com pesos e medidas diferentes — punindo uns com rigor e poupando outros com suavidade. Um sistema que fala em legalidade enquanto age conforme a conveniência dos mesmos grupos que moldam os bastidores do país”, escreveu.
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi preso em 18 de novembro durante a Operação Compliance Zero, que investiga fraudes financeiras envolvendo títulos falsos vendidos ao Banco de Brasília (BRB). Segundo a Polícia Federal, o esquema teria movimentado cerca de R$ 12 bilhões.
Além de Vorcaro, outros seis executivos do banco foram detidos. A operação cumpriu sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal.
A investigação da Polícia Federal sobre crimes envolvendo o Banco Master apreendeu em um dos endereços ligados ao dono do banco um envelope com o nome do deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA) contendo documentos sobre um negócio imobiliário.
Os investigadores ainda não fizeram uma análise se há alguma suspeita de irregularidade envolvendo o conteúdo desse envelope. Procurado, Bacelar afirmou que atuou na constituição de um fundo para construir um empreendimento imobiliário em Trancoso, em Porto Seguro (BA), e por isso foi procurado por Vorcaro.
O empresário manifestou interesse em adquirir uma parte do empreendimento e, por isso, Bacelar enviou documentos a Vorcaro sobre essa aquisição, mas o negócio não foi adiante.
“Ele me fez uma consulta sobre um imóvel em Porto Seguro, que não se concretizou. Quando o banco começou a entrar em dificuldade, ele pediu mais um tempo para poder exercer a opção. Foi feito um documento dando a opção de compra a Daniel Vorcaro”, afirmou Bacelar ao Estadão. A defesa do banqueiro não se manifestou.
Por causa desse documento, a própria defesa de Daniel Vorcaro apresentou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a investigação seja toda remetida ao STF. Na ação, a defesa citou que o caso é semelhante à Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal da Bahia, que foi enviada ao Supremo por causa de documentos de uma transação imobiliária de um dos investigados com um deputado.