Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de novembro de 2025
O agronegócio do Rio Grande do Sul manteve participação importante nas exportações estaduais no 3º trimestre de 2025, alcançando US$ 4,4 bilhões em vendas externas – equivalente a 73,3% do total exportado pelo Estado. Embora o trimestre tenha sido marcado por um recuo de 3,2% na comparação com o mesmo período de 2024, o desempenho de fumo e carnes atenuou a retração provocada pela menor oferta de soja, influenciada pela estiagem.
Os dados são do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta terça-feira (18) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. Elaborado pelo pesquisador Sérgio Leusin Júnior, o material apresenta informações sobre as exportações no terceiro trimestre e do acumulado do ano, além do emprego formal no agronegócio.
Crescimento do fumo e das carnes
O fumo e seus produtos apresentaram o maior crescimento absoluto do trimestre, com aumento de 23%, impulsionado pelo fumo não manufaturado. Já o setor de carnes cresceu 16,9%, com destaque para a carne bovina (+94,5%), devido à ampliação das vendas para a China e à retomada das exportações para a Rússia. A carne suína avançou 27,7%, com incremento das vendas para Filipinas, Argentina, Vietnã e México.
Os resultados ajudaram a atenuar o impacto da queda nas exportações do complexo soja, que recuaram 12,8% em razão da redução de 25,2% na produção colhida, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Destinos das exportações
A China manteve-se como principal destino das exportações do agronegócio gaúcho, com 38,7% do total, seguida por União Europeia (13,9%), Vietnã (3,7%), Estados Unidos (3,4%) e Filipinas (3,2%).
Entre os mercados com maior crescimento absoluto, destacaram-se as Filipinas, com alta de 167,6% (+US$ 89,7 milhões), impulsionada pelas exportações de carnes suínas; a Suíça, com crescimento de 2.885% (+US$ 64,4 milhões), concentrado no fumo não manufaturado, atingindo recorde histórico e elevando o país europeu à posição de segundo maior comprador do produto gaúcho no mercado internacional; e a Coreia do Sul, com aumento de 100,2% (+US$ 58,1 milhões), resultado da expansão nas vendas de farelo de soja e fumo.
Os avanços refletem uma reorientação parcial da pauta exportadora do RS, especialmente diante das restrições comerciais impostas pela guerra tarifária e da queda nas vendas a alguns parceiros tradicionais.
Guerra tarifária
A Nota Técnica aponta efeitos localizados do choque tarifário global dos EUA, com impacto em mercados específicos. Os setores mais afetados foram fumo e seus produtos e couros e peles, ambos fortemente expostos à pauta americana.
Apesar das perdas, o boletim aponta que não há vulnerabilidade sistêmica para o agronegócio do RS, mas revela impactos setoriais e sinais conjunturais que exigem monitoramento. O Estado tem conseguido redirecionar embarques a mercados alternativos, como Suíça, atenuando os efeitos tarifários sobre o desempenho das exportações.
Balanço do ano e geração de empregos
De janeiro a setembro de 2025, as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 10,8 bilhões, o equivalente a 70,3% das vendas externas do Estado. Os segmentos de fumo (+13%) e carnes (+14,3%) mantiveram crescimento no acumulado do ano, enquanto o complexo soja recuou 16,3%.
No mercado de trabalho, o setor encerrou o trimestre com saldo negativo de 4,8 mil vagas formais, influenciado principalmente pela sazonalidade da indústria do fumo. Tradicionalmente, o segundo e o terceiro trimestres são marcados pela desmobilização parcial da mão de obra admitida por tempo determinado, nos primeiros meses do ano, para fazer frente aos serviços de colheita, recebimento, processamento e comercialização da safra de verão.
No acumulado do ano, contudo, o agronegócio registra saldo positivo de 17,4 mil postos, o segundo maior resultado da série iniciada em 2020. No conjunto da economia do RS, o saldo também é positivo, tendo sido criados 78,5 mil empregos até setembro. Com isso, a atividade foi responsável por 22,2% das vagas criadas no Estado em 2025.
Os principais destaques de geração de trabalho foram os segmentos de abate e fabricação de produtos de carne (+4,7 mil), fabricação de produtos do fumo (+3,5 mil) e fabricação de tratores e máquinas agrícolas (+2,7 mil).