Quarta-feira, 09 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de julho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar nesta semana um decreto que vai diminuir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos mais baratos e menos poluentes.
A previsão é que o texto seja lançado nesta quinta-feira (10), em cerimônia no Palácio do Planalto. O decreto define a regulamentação do chamado IPI Verde, criado dentro do Mover — programa de incentivos para a indústria automobilística.
A medida não deve significar redução de receitas para o governo porque ela prevê também aumentar o tributo de veículos mais poluentes. O programa vai se chamar Carro Sustentável e vai na contramão do governo de Donald Trump, nos EUA, que retira incentivos a carros elétricos em favor dos motores a combustão, que emitem carbono.
Para reduzir as alíquotas, serão analisados critérios de potência, eficiência energética, combustível e reciclabilidade, além da exigência de ser produzido no país.
A ideia é beneficiar veículos 1.0 flex, ou seja, que podem rodar com gasolina ou etanol e com potência abaixo de 90 cavalos. São versões dos chamados carros populares, com alíquotas de IPI hoje em 5,27%. Modelos 1.0 turbo não devem entrar na lista de redução de tributos.
Esse recorte deve permitir que entrem no programa modelos de entrada de diversas montadoras. Se encaixam nesse perfil, carros como o Chevrolet Onix e Onix Plus, Fiat Argo, Cronos e Mobi e Renault Kwid.
A previsão é que a redução de alíquotas beneficiem pessoas físicas e empresas. Em 2023, o governo lançou um pacote para incentivar vendas de carros populares e renovar frota de caminhões e ônibus. Naquele ano, o programa somou R$ 1,5 bilhão e foi pago a partir da antecipação de parte da reoneração do diesel, em R$ 0,11 por litro.
Nele, as empresas aplicam descontos sobre o valor de venda, e variavam entre R$ 2 mil e R$ 8 mil. Em troca, ganhavam créditos tributários em troca (descontos em pagamentos de impostos no futuro).
Agora, o desconto é no imposto cobrado e não haverá limite de preço do carro. Porém, como os critérios amarram as características dos veículos, a tendência é atingir principalmente carros populares.
Produção
A produção de veículos teve queda de 4,9% no mês passado frente ao mesmo período de 2024, chegando a 200,8 mil unidades. Na comparação com maio, houve queda de 6,5% na fabricação de veículos, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Divulgado na segunda-feira (7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a entidade que representa as montadoras, o balanço mostra que o primeiro semestre terminou com 1,23 milhão de veículos montados, 7,8% acima do volume registrado nos seis primeiros meses do ano passado.
Num sinal de acomodação do mercado, as vendas do mês passado, de 212,9 mil veículos, recuaram 0,6% no comparativo com junho de 2024. Na margem, ou seja, de maio para junho, as vendas caíram 5,7%. Com isso, o crescimento no acumulado do ano caiu para 4,8%, com 1,2 milhão de veículos vendidos no primeiro semestre.
As exportações, por outro lado, continuam em alta, chegando a 50,7 mil veículos embarcados no mês passado. O número corresponde a um crescimento de 75% em relação a junho de 2024. Frente a maio, porém, houve queda de 1,7% nos embarques. Desde o início do ano, 264,1 mil veículos foram exportados, com crescimento de 59,8% ante os seis primeiros meses de 2024. A Argentina é o principal destino das vendas de veículos ao exterior e vem puxando o resultado.
O balanço da Anfavea mostra ainda que 462 vagas de emprego foram eliminadas nas montadoras em junho. O setor agora emprega 108,9 mil trabalhadores.