Quinta-feira, 10 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de julho de 2025
A carta que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandou nessa quarta-feira (9) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mistura alegações comerciais e políticas para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova taxa deverá entrar em vigor em 1º de agosto.
A abertura da carta é política: ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Jair Bolsonaro e disse ser “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento, o republicano afirmou, sem provas, que a decisão de aumentar a taxa foi tomada “em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
“[Isso ocorreu] como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro”, escreveu Trump.
Em seguida ele fala de questões comerciais: “Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, Trump diz.
Apesar da alegação de Trump, o relacionamento comercial do Brasil com os Estados Unidos é marcado por predominância da economia norte-americana, segundo números da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
A compilação de dados, que tem início em 1997, mostra um saldo superavitário (mais exportações do que importações) de US$ 48,21 bilhões em favor dos EUA. Foram considerados 28 anos de comércio exterior.
Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou nessa quarta um versículo bíblico como uma indireta ao presidente Lula, poucas horas após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA.
“Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme” – escreveu Bolsonaro, citando Provérbios 29:2.
A carta causou forte repercussão política em Brasília. Aliados de Bolsonaro passaram a tentar colar em Lula a responsabilidade pelo tarifaço, alegando que o governo atual tem promovido uma política hostil aos EUA, aproximando-se de países como China e Irã e defendendo posições contrárias aos interesses americanos.
No Planalto, a avaliação é oposta. Segundo interlocutores de Lula, a carta de Trump é vista como resultado direto da atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e tem mantido contatos com o entorno de Trump. Em nota divulgada hoje, Eduardo afirmou que a tarifa representa uma reação aos supostos abusos do ministro Alexandre de Moraes e do STF, e chamou a medida de “Tarifa-Moraes”.