Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Caso Cláudia Leitte: o que se sabe sobre acusação de racismo religioso

O Ministério Público da Bahia (MPBA) está processando a cantora Claudia Leitte por suposta prática de racismo religioso. A ação civil coletiva tem a participação do Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras), após denúncias de modificações em composições que envolvem religiões de matriz africana.

Na ação, protocolada no dia 2 de dezembro, o órgão sustenta que, embora a cantora tenha o direito de professar sua fé, a modificação reiterada de uma obra associada à cultura afro-baiana extrapola a liberdade artística e configura discriminação religiosa, sobretudo por se tratar de uma artista de grande visibilidade nacional.

A investigação, motivada por denúncias da Iyalorixá Jaciara Ribeiro e do Idafro, foca na alteração sistemática de letras de músicas, onde referências a divindades de matriz africana são substituídas por termos cristãos.

O caso ganhou repercussão após circularem vídeos em que a artista, durante a execução da música “Caranguejo”, substitui o verso “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu rei Yeshua” , que significa Jesus em hebraico.

Embora registros dessa prática existam desde o DVD de 2014, o caso tomou contornos jurídicos recentes com a acusação de que a conduta promove o esvaziamento simbólico da cultura afro-brasileira.

Indenização

A ação solicita que a justiça condene a artista ao pagamento de uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 2 milhões.

Além da reparação financeira, o MPBA e o Idafro requerem a retratação pública da cantora, a proibição de novas alterações em músicas que integrem o patrimônio cultural afro-brasileiro, e que a artista se abstenha de praticar atos de discriminação religiosa, direta ou indireta, em apresentações, entrevistas e redes sociais.

De acordo com o documento, a conduta de Claudia Leitte configura um “esvaziamento simbólico” de elementos centrais da cultura negra. A promotoria ressalta que houve reincidência da conduta por parte da artista.

O Ministério Público também destaca que a conduta teria continuado mesmo após a ampla repercussão negativa e a abertura do procedimento investigatório.

Outro lado

Em coletiva realizada no Festival Virada Salvador, Claudia Leitte afirmou que o racismo é uma “pauta séria” que não deve ser discutida de forma superficial ou pelo “tribunal da internet”.

O processo destaca que as religiões afro-brasileiras são consideradas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) como patrimônio cultural imaterial e, por essa razão, devem receber proteção especial do Estado, especialmente por serem historicamente alvo de estigmatização e discriminação.

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