Segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Caxias, um modelo para o Brasil de hoje

Neste dia 25 de agosto, o Brasil celebra o Dia do Soldado, em homenagem ao nascimento de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias — Patrono do Exército Brasileiro e figura central na construção da unidade nacional. Poucos personagens da história brasileira sintetizam com tanta profundidade os ideais de patriotismo, disciplina, ética e compromisso com o bem comum quanto ele.

Curiosamente, cinco dias antes, em 20 de agosto, comemora-se o Dia do Maçom. Caxias também era membro da maçonaria, o que amplia ainda mais sua dimensão como líder, pensador e cidadão ético. Em tempos de crise política e social, revisitar sua trajetória é mais do que um exercício histórico — é um convite à reflexão sobre os valores que devem nortear o cidadão brasileiro contemporâneo.

Luis Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, ingressou na carreira militar ainda jovem, e ao longo de sua vida participou de momentos decisivos da história nacional, como a pacificação da Balaiada, da Guerra dos Farrapos e da Revolta Praieira.

Por estes feitos recebeu o título “O Pacificador”, que é também uma das maiores honrarias concedidas pelo Exército Brasileiro a militares e civis em reconhecimento a relevantes serviços prestados ao nosso Exército. Em todas essas ocasiões, sua atuação foi marcada por uma postura firme, mas conciliadora.

Ele não via o soldado como mero combatente, mas como agente da paz. Em uma carta ao imperador Dom Pedro II, Caxias escreveu:

“Combati não para destruir, mas para unir. A espada deve servir à justiça, não à ambição.” Esta afirmação deve hoje servir para profunda reflexão a todos aqueles que, empunhando a espada juraram defender a “Honra, Integridade e Instituições, defenderei com o sacrifício da própria a vida”. Também reafirma que para unir, para pacificar se necessário, não podemos negar o combate.

Essa frase resume seu entendimento da missão militar: preservar a integridade do país e garantir a estabilidade institucional. Em tempos de polarização e desinformação, essa visão ganha nova relevância. O soldado, como o cidadão, deve ser defensor da ordem, da legalidade e da paz social, devendo ir até ir as últimas consequências se assim a situação o exigir.

A maçonaria, da qual Caxias fez parte, é uma instituição que preza pela busca da verdade, pelo aperfeiçoamento moral e pela construção de uma sociedade mais justa. Os maçons são chamados a lapidar a si mesmos como pedras brutas, em um processo contínuo de evolução ética.

Caxias, como maçom, cultivava o diálogo, o respeito à diversidade de ideias e o compromisso com o bem coletivo. Entretanto, não dava guarida a interpretações diversas dos valores éticos e morais que o orientavam. Não há aqui, guarida a interpretações outras insidiosamente confundem omissão com tolerância. Segundo registros da época, Caxias teria feito a seguinte manifestação em uma sessão maçônica: “A liberdade não é um privilégio, é um dever. E o dever do homem livre é servir à verdade.”

Como cidadão, Caxias também foi exemplar. Atuou como senador do Império e ministro de Estado, sempre com foco na estabilidade institucional e no fortalecimento das estruturas republicanas. Sua vida pública foi marcada pela sobriedade, honestidade e senso de dever — virtudes cada vez mais raras que nos fazem confrontar com a atual política brasileira. Em sua posse como senador, declarou:

“Não há glória maior do que servir à pátria com honra e sem ambição.”

Essa declaração, simples e vigorosa, revela o espírito público que o guiava em suas ações. Em um país onde a confiança nas instituições está abalada, onde permeia o interesse pessoal sobre o da maioria, o exemplo de Caxias é um farol moral.

Diante dos desafios contemporâneos — polarização política, crise ética, descrença nas instituições — o exemplo de Caxias é por demais mais atual. O cidadão de hoje tem como inspiração três pilares que Caxias representa:

• Do soldado: a coragem de defender princípios, mesmo sob pressão.
• Do maçom: o compromisso com a verdade, o diálogo e a construção coletiva.
• Do cidadão: a responsabilidade de participar da vida pública com ética e propósito.

Esses valores não são abstratos. São atitudes concretas que podem ser aplicadas no cotidiano: no respeito às leis e não nas interpretações pessoais ou de grupos de interesse, na busca e conhecimento dos fatos, não de narrativas, participar do debate público, cobrar transparência dos governantes e, acima de tudo, agir com empatia e responsabilidade.

Hoje, no Dia do Soldado, queremos mais do que reverenciar a farda — queremos reconhecer que a cidadania exige disciplina, ética e ação consciente. Caxias nos inspira a buscar justiça, verdade e esperança em nossas ações. Em tempos de incerteza, seu legado permanece como um chamado à ação:

“O Brasil precisa de homens que sirvam, não que se sirvam.”

Que esse chamado ecoe em cada brasileiro que deseja um país mais justo, unido e digno.

Júlio Cesar Hilzendeger é presidente da AOR/2-RS, 2º Ten R/2 Inf 1975, administrador, professor e consultor

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