Sábado, 06 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de setembro de 2025
As duas semanas de julgamento do núcleo central da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) serão marcadas por acenos retóricos dos principais expoentes da direita ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Na prática, contudo, apesar da pressão do PL, o projeto de lei que perdoa os condenados do 8 de Janeiro não deve avançar nesse período, garantem lideranças do Congresso ouvidas pela Coluna do Estadão.
O motivo do compasso de espera é que o Centrão não pretende entregar a Bolsonaro a anistia “de mão beijada”, sem a garantia de que o ex-presidente escolherá o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como seu sucessor na corrida pelo Palácio do Planalto.
Ainda é muito cedo para saber se algum tipo de anistia vingará no Legislativo, na avaliação dos partidos de direita. As siglas devem acompanhar com lupa o resultado do julgamento, incluindo a dosimetria de penas e eventuais divergências entre os ministros do STF, para sentir o clima do plenário. Aprovar qualquer perdão relacionado ao 8 de Janeiro trará desgaste para a relação do Congresso com a Corte. Portanto, a contrapartida de Bolsonaro teria de ser à altura.
No último fim de semana, Tarcísio fez um aceno direto a Bolsonaro. O governador, que é o favorito das legendas de direita e do empresariado para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas em 2026, disse que sua primeira medida caso se torne presidente da República será conceder indulto ao ex-presidente.
Na segunda-feira (1º), na véspera do início do julgamento de Bolsonaro, Tarcísio se reuniu com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira. O correligionário do governador publicou nas redes sociais uma foto do café da manhã e escreveu “no cardápio do dia: anistia”. O post foi curtido pelo presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, e pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
Apesar de o PL e parte do Centrão pressionarem Bolsonaro a lançar Tarcísio ao Planalto logo após o julgamento, essa possibilidade também preocupa aliados do governador de São Paulo, por dois motivos. O primeiro é que ele se tornaria um “não governador”, ou seja, perderia a credibilidade para conduzir ao Estado já que seria visto, desde já, como alguém de olho no Planalto apenas. O segundo é que viraria “vidraça” na arena política. (Com informações de O Estado de S. Paulo)