Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de outubro de 2025
O Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) emitiu um alerta epidemiológico devido à ocorrência de um surto de meningite em Pelotas, na Região Sul do RS. A medida visa reforçar a atenção dos serviços de saúde e orientar a população sobre os sinais da doença e as ações de prevenção.
No município, foram confirmados cinco casos neste ano: três pelo tipo ou sorogrupo Y (sem vínculo entre si) e dois pelo sorogrupo C da bactéria Neisseria meningitidis. Nenhum evoluiu para óbito.
Já em Canguçu, também na Região Sul, foram registrados dois casos adicionais, ambos pelo sorogrupo Y, incluindo um óbito de um homem de 38 anos. Com sete casos confirmados na região neste ano, o número já supera os registros de 2023 (dois casos) e 2024 (cinco casos). As notificações ocorreram entre maio e início de setembro, com idades variando de 5 meses a 72 anos.
Definição de surto e medidas de controle
A caracterização de surto comunitário em Pelotas do sorogrupo Y atende ao critério técnico de três ou mais casos, sem relação entre eles (diferentes cadeias de transmissão), em um intervalo de até três meses na mesma localidade. A confirmação é feita em conjunto pelo município, Estado e Ministério da Saúde, considerando também o contexto epidemiológico.
Outro surto de doença meningocócica foi identificado em setembro, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com três casos confirmados entre julho e agosto. Contudo, diferente do cenário registrado em Pelotas, os casos na cidade foram causados pelo sorogrupo B da bactéria, não possuindo vínculo com os casos de Pelotas ou com os de Canguçu.
Diante desse cenário, o Cevs orientou os serviços de saúde da Região Sul a manterem atenção redobrada para a identificação precoce de casos suspeitos. As principais medidas de resposta incluem: detecção precoce dos casos, manejo clínico adequado, quimioprofilaxia para contatos próximos, preferencialmente nas primeiras 24 horas após a identificação do caso
Sintomas
A população deve procurar atendimento médico imediato ao surgimento de sintomas, especialmente se forem de início súbito. São eles: febre alta repentina, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, náuseas e vômitos persistentes, sensibilidade à luz, sonolência excessiva ou confusão mental, manchas vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem ao serem pressionadas e convulsões. Em crianças menores de 2 anos, ocorrem irritabilidade, choro persistente, sonolência e abaulamento da moleira.
Sinais de gravidade, como dificuldade para respirar, palidez, extremidades frias e piora rápida do estado geral, exigem atenção imediata. É recomendado levar a caderneta de vacinação ao serviço de saúde.
Sobre a doença
A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, fungos, parasitas ou bactérias. A forma bacteriana é a mais grave, com risco de sequelas e óbitos.
A doença meningocócica, causada pela bactéria Neisseria meningitidis, pode se manifestar como meningite, meningococcemia (infecção do sangue) ou ambas. A transmissão ocorre por contato direto com secreções respiratórias, como tosse, espirro ou beijo.
Os sorogrupos A, B, C, W, X e Y podem provocar quadros graves da doença e surtos. O período de incubação (entre o contágio e o aparecimento de sintomas) varia de dois a dez dias, ocorrendo, em média, de três a quatro dias.
Vacinação
A doença meningocócica é prevenível por meio da vacinação, disponível gratuitamente no Calendário Nacional de Vacinação. Pelo SUS (Sistema Único de Saúde), estão previstas vacinas para quatro tipos da bactéria, uma específica para o sorogrupo C e outra vacina que conjuga os tipos A, C, W e Y.