Sábado, 18 de maio de 2024

Centro Histórico de Porto Alegre ganha um novo espaço cultural

Inaugurado no final da década de 1920 como residência de “Capitão Lulu” (célebre dono do cabaré-cassino Clube dos Caçadores), o palacete do Largo João Amorim de Albuquerque nº 72 abriga há 48 anos o Hotel Praça da Matriz. O empreendimento no Centro Histórico de Porto Alegre passou por uma ampla revitalização e, sob o comando da Família Patrício desde 2014, tem hospedado anônimos e famosos. Às 18h30min de 27 de março (quarta-feira), o prédio iniciará um novo capítulo em sua trajetória quase centenária, com a abertura do Espaço Cultural HPM.

No foco da iniciativa estão exposições, saraus, lançamentos de livros e outros eventos, com produção da equipe da casa em parceria com a agência Práxis Gestão de Projetos e expoentes dos mais diversos segmentos culturais. É o caso do veterano artista plástico Britto Velho, autor de uma obra inconfundível e de reconhecimento internacional. Sintonizado ao conceito do Espaço HPM, ele escolheu o local para sua primeira mostra individual em cinco anos.

“O Mundo das Cores de Britto Velho” prosseguirá durante 30 dias, com visitação gratuita. Em destaque, 19 pinturas inéditas sobre tela em diferentes formatos, produzidas recentemente e que também poderão ser visitadas mediante agendamento (whatsapp 98595-5690). Está programada, ainda, uma série de encontros semanais entre artista e público, sob mediação de importantes nomes do cenário cultural gaúcho.

Palacete com história

O prédio do Hotel Praça da Matriz foi erguido na segunda metade da década de 1920 para servir de residência a Luiz Alves de Castro (1884-1965), popularmente conhecido como “Capitão Lulu” e dono do cabaré-cassino “Clube dos Caçadores”, estabelecimento tão controverso quanto icônico na rua Andrade Neves, Centro Histórico de Porto Alegre. A fortuna amealhada com a atividade também lhe permitiu, na mesma época, construir o imponente edifício que hoje sedia o Espaço Cultural Força e Luz, na Rua da Praia.

Para o palacete residencial, Lulu contratou o renomado engenheiro e arquiteto de origem alemã Alfred Haesler. O resultado foram quatro andares, com subsolo, pátio interno, cúpula de cobre e ao menos dois diferenciais na época: garagem e sistema francês para aquecimento de água. Tudo elaborado em estilo eclético, com mármores, azulejos e outros materiais importados, formando um conjunto atualmente inventariado como de interesse histórico pelo Município e contemplado com o programa Monumenta, permitindo a recuperação de fachada, cobertura e estrutura elétrica.

O proprietário original não teve muito tempo para aproveitar tamanho requinte, pois se transferiu no início dos anos 1930 para o Rio de Janeiro, onde ampliou suas atividades (foi sócio do Cassino da Urca e comandou empreendimentos nas cidades de Niterói e Petrópolis). Com o decreto presidencial que em 1946 proibiu a jogatina em todo o País, Lulu se desfez de praticamente todo seu patrimônio em Porto Alegre e o prédio – até então alugado a terceiros – trocou de mãos até ser adquirido em 1949 por um comerciante cuja nora, Ilita Patrício, mantém com família o Hotel que recebe anônimos e famosos.

(Marcello Campos)

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