Domingo, 01 de junho de 2025

Cerco de Trump a estudantes estrangeiros ameaça educação superior e economia dos Estados Unidos

Desde que voltou à Casa Branca, o presidente Donald Trump tem posto em xeque a capacidade das universidades americanas de atrair — e manter — estudantes estrangeiros em sua guerra contra as instituições de ensino superior, que ele vê como inimigas de sua agenda conservadora. No entanto, especialistas apontam que a cruzada de Trump pode desencadear um êxodo acadêmico com impactos não apenas nas finanças das instituições, mas em toda a economia americana.

Apenas nos últimos dias, o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou a revogação de vistos de estudantes chineses suspeitos de ligação com o Partido Comunista e determinou a suspensão dos agendamentos de entrevistas para novos vistos estudantis em consulados dos EUA. A Universidade Harvard, principal alvo da retaliação, chegou a ser proibida de matricular alunos internacionais — decisão suspensa por tempo indefinido por uma juíza federal nesta quinta-feira.

Segundo dados do Instituto de Educação Internacional dos EUA, o número de estudantes estrangeiros matriculados em faculdades americanas atingiu um recorde de 1,1 milhão no ano letivo de 2023-24, cerca de 6% do total no país. A concentração, no entanto, é ainda maior em universidades de elite, que respondem pelos maiores fundos patrimoniais — reservas financeiras usadas pelas instituição para investimento em iniciativas para a comunidade, pesquisas e bolsas de estudo. Na Universidade Columbia, integrante da prestigiosa Ivy League, eles ocupam quase 40% do corpo discente, enquanto em Harvard, representam um quarto do quadro de alunos. Trump, no entanto, quer mudar as estatísticas:

— Temos pessoas que querem estudar em Harvard e em outras instituições e não conseguem porque temos estudantes estrangeiros lá — disse o presidente, defendendo um limite de 15% de participação.

Para as instituições, sua presença é estratégica: a maioria dos estudantes internacionais não recebe auxílio financeiro das universidades para realizar o curso e, em algumas instituições, chegam a pagar valores até 150% maiores do que americanos, ajudando no subsídio de bolsas para cidadãos do país. Segundo o Instituto de Educação Internacional, cerca de 86% dos estudantes de graduação e quase dois terços dos estudantes de pós-graduação estrangeiros pagaram o curso do próprio bolso.

— Para manter as portas abertas aos estudantes locais, é preciso aceitar mais alunos do exterior — defende Gaurav Khanna, economista da Universidade da Califórnia, ao New York Times.

Recentemente, a Câmara de Deputados, controlada pelos republicanos, aprovou um projeto de lei que, se sancionado, imporá mais um golpe às universidades de elite ao aumentar significativamente os impostos sobre os seus fundos patrimoniais. Somado ao bloqueio de estudantes internacionais, o modelo de ensino superior como se conhece hoje nos EUA enfrenta um risco existencial, apontam especialistas.

— Muitas instituições dependem dos estudantes internacionais, não apenas pela perspectiva global que eles trazem para o campus, mas também pela estabilidade financeira — disse Daniel Pierce, sócio do escritório de advocacia Fragomen, à Bloomberg. — Essas universidades agora enfrentam uma escolha difícil: responder rapidamente às exigências significativas do governo ou se preparar para batalhas judiciais. As informações são do portal O Globo.

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