Sábado, 08 de novembro de 2025

Chamado de “gay de direita” por ator da Globo, governador gaúcho diz que orientação sexual não tem a ver com ideologia

Alvo de comentário supostamente preconceituoso do ator paulista José de Abreu, o governador gaúcho Eduardo Leite se manifestou sobre o caso. “Respeito a opinião política das pessoas e espero que ele possa respeitar a minha, assim como a orientação sexual, gênero e crenças religiosas. Lamento a colocação”, declarou em entrevista concedida à emissora de notícias CNN. “Orientação sexual nada tem a ver com ideologia.”

Ele descartou, porém, a ideia de levar o caso à Justiça. Também se mostrou disposto ao diálogo: “Não pretendo tomar medida em relação ao ator José de Abreu, mas o convido a conversar. Não tenho problema em falar com ele a respeito do assunto”.

O político do PSDB se referia a um posicionamento do artista, simpatizante do PT e que questionou o fato de o chefe do Executivo do Rio Grande do Sul ser assumidamente homossexual apesar do longo vínculo a partido que não integra o grupo de legendas mais progressistas no campo dos costumes: “Não consigo entender gay de direita, parece um contrassenso”.

A posição irônica de Abreu havia sido registrada no espaço de comentários de uma postagem na qual a atriz e diretora teatral paulista Mika Lins compartilhava com elogios um vídeo de Eduardo Leite com o namorado Thalis Bolzan, domingo passado (1º), a caminho da cerimônia de sua posse para um segundo mandato à frente do Executivo gaúcho.

Na ocasião, Leite disse à imprensa, sob aplausos de simpatizantes do lado de fora da Assembleia Legislativa: “O Rio Grande do Sul não tem [na atual gestão] uma primeira-dama mas tem uma pessoa que é de verdade, podem ter certeza”.

Tratava-se de uma “alfinetada” no ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), derrotado pelo tucano no segundo turno da eleição para governador e que em determinado momento da campanha mencionou de forma jocosa o fato de que, por ser casado com uma mulher, sua vitória nas urnas resultaria na escolha de um “governador com uma primeira-dama de verdade”. Essa comparação, aliás, seria alvo de duras críticas.

O PSDB – que será presidido nacionalmente por Eduardo Leite a partir de fevereiro – também condenou a postura de José de Abreu. Em resposta, postou uma reportagem sobre o episódio e frisou que “homofobia é crime”. Mas, a exemplo do governador gaúcho, a sigla descartou acionar a Justiça.

Pioneirismo

Primeiro governador gaúcho a assumir publicamente a sua homossexualidade, Eduardo Leite revelou sua orientação sexual em julho de 2021, em entrevista ao programa do jornalista Pedro Bial na Rede Globo. Ele estava em seu primeiro mandato e já era detentor do status de mais jovem político eleito para a chefia do Executivo do Rio Grande do Sul – tinha menos de 33 anos quando venceu o pleito de 2018.

Já no final de outubro passado, tornou-se o primeiro a vencer duas eleições seguidas para o Palácio Piratini. Na prática, ele não foi exatamente reeleito, visto que estava fora do cargo desde março, quando renunciou para concorrer à Presidência da República (plano que não se concretizou). Mas sua vitória é assim tratada sob o prisma da legislação: por ter vencido dois pleitos seguidos para o cargo, estará impedido de concorrer a terceiro mandato em 2026.

(Marcello Campos)

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